"A REALIDADE DO CRACK EM SANTA CRUZ DO SUL" - 3ª ETAPA: UMA ANÁLISE DAS NARRATIVAS DE ADOLESCENTES SOBRE A TEMÁTICA DAS DROGAS

MAURICEIA ELOISA MORAES, EMANUELI PALUDO, GIORGIA REIS SALDANHA, VITÓRIA MERTEN ERNANDES, EDNA LINHARES GARCIA

Resumo


O uso de drogas por adolescentes se configura na atualidade como uma importante demanda de saÚde pÚblica que necessita de cuidado integral, capacitado e intersetorializado. No município de Santa Cruz do Sul, o início do uso de drogas centra-se na adolescência, "entre os 10 e 15 anos (62%) e entre os 16 e 21 anos de idade (23%)" (GARCIA et al, 2012, p. 85), o que demarca a necessidade de discussões técnicas que levem em conta fatores de contextualização contemporâneos. Compreendemos desta forma a relevância de analisar a temática das drogas a partir do contexto da adolescência, considerando-a um momento de vida repleto de movimentos, de construção da subjetividade e um momento por excelência propício para a realização de práticas preventivas. Para tanto, nosso objetivo está em analisar e compreender como a temática das drogas perpassa os diversos caminhos e relações de vida na adolescência, bem como identificar a implicação destes fatores no processo de subjetivação adolescente, buscando repensar e compor estratégias de cuidado, promoção de saÚde e prevenção de uso de drogas a partir das próprias narrativas dos adolescentes.Assim, o processo de pesquisa se deu através de metodologia qualitativa com base na análise dos sentidos produzidos no cotidiano (SPINK, 2000) nos discursos de adolescentes escolares do município de Santa Cruz do Sul. Participaram da pesquisa 30 estudantes, 10 de cada escola, em três escolas diferentes, onde foram realizados três encontros de grupo focal por escola, compreendendo que os encontros permitiam a circulação da fala, propiciando o direito à palavra a todos os participantes.Evidenciaram-se os diferentes espaços que a droga ocupa na vida e nas relações dos adolescentes, perpassando medos, sonhos, desejos, ideais e responsabilidades em tempos e cenários distintos, bem como emergiu a conotação de prazer e risco intrínsecos a relação estabelecida com a droga no grupo de convívio do qual fazem parte. A escola emerge como espaço de enlaces protetores e cenário idealizado para "a fala e a escuta" voltados à adolescência. A pesquisa aponta para a necessidade de uma escuta comprometida e contextualizada dos discursos dos adolescentes nos espaços escolares e comunitários, para que sejam possíveis práticas interventivas que trabalhem com os adolescentes e não apenas para os adolescentes. As análises parciais apresentam a importância de discussões intersetoriais voltadas à prática de cuidado, de promoção de saÚde e de prevenção de uso de drogas nos espaços cotidianos dos adolescentes. Torna-se evidente a necessidade do envolvimento de serviços pÚblicos, setores de saÚde, educação, cultura e lazer, numa articulação com as famílias e a comunidade, para produzirem novos caminhos de atenção e cuidado relacionados à drogadição, que realmente sejam comprometidos com a realidade para a qual direcionam as intervenções.


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