AVALIAÇÃO DA BIODISPONIBILIDADE DO CÁDMIO EM SOLO CONTAMINADO APÓS APLICAÇÃO DE HÚMUS DE MINHOCA

TACIÉLEN TLMAYER, DÉBORA TAIRINI RIETZKE, JORDANA FINATTO, MAIRA CRISTINA MARTINI, CHRISTINA VENZKE SIMÕES DE LIMA, LUCÉLIA HOEHNE

Resumo


A vermicompostagem é um processo que visa, principalmente, a reciclagem de resíduos orgânicos e a produção de adubo orgânico estabilizado. Neste processo, a minhoca ingere e digere os resíduos orgânicos produzindo excrementos constituídos de agregados de terra e material orgânico aderido, em que esse material orgânico forma ácidos hÚmicos. No hÚmus, as substâncias hÚmicas representam 85 a 90% do solo, ou seja, representam uma parte da matéria orgânica do solo composta por substâncias orgânicas, o restante é considerado não hÚmico, onde tem-se os ácidos fÚlvicos. Os ácidos fÚlvicos deixam os metais pesados presentes no solo mais solÚveis deixando estes mais disponíveis às raízes das plantas, enquanto que os ácidos hÚmicos conseguem imobilizar os metais do solo. O Cd, que é um metal tóxico, possui maior afinidade com os ácidos fÚlvicos do que os ácidos hÚmicos. Cabe salientar que, a biodisponibilidade deste metal está diretamente ligada às propriedades do solo, como: pH, teores de argila, matéria orgânica, entre outros. Portanto, o destino do Cd, bem como de outros elementos, no solo depende de vários processos, tais como a dissolução, absorção, migração, precipitação, complexação orgânica e absorção pelas plantas. Com isso, o objetivo deste estudo foi avaliar a biodisponibilidade do Cd no solo com o incremento do vermicomposto em diferentes fases do substrato. Para isto, foi aplicado 30 mg de Cd kg-1 de solo (já caracterizado) a partir do Sulfato de cádmio (CdSO4. H2O). O solo contaminado ficou incubado durante 120 dias. Posteriormente foi acrescentado o hÚmus ao solo nas proporções de 0 (testemunha), 25, 50, 75 e 100 % de hÚmus:solo. Para avaliar a biodisponibilidade do metal tóxico no solo utilizou-se o método de extração sequencial, no qual estabelece a associação de Cd com fases específicas. Avaliou-se a fração solÚvel (F1), fração trocável (F2), fração ligada à matéria orgânica (F3) e fração residual (F4) que é fortemente ligada ao solo. Para a isto, pesou-se 5 g de amostra, e adicionou-se três diferentes extratores, em diferentes momentos para obter-se F1, F2 e F3. Posteriormente homogeneizou-se em agitador horizontal por 16 h, depois as amostras foram centrifugadas por 30 min a 2500 rpm. Para a F4 secou-se o restante do solo em estufa a 50°C e posteriormente fez-se decomposição ácida da amostra. As concentrações de Cd nos extratos foram determinadas por Espectrometria de Absorção Atômica em Forno de Grafite (GF AAS).Como resultados, observou-se que houve uma pequena migração de Cd para a fase solÚvel (F1), no entanto, com o acréscimo da proporção de hÚmus no solo, o Cd permaneceu nas F3 e F4, ou seja, nas frações ligadas à matéria orgânica (F3) e fração residual (F4), ocorrendo a complexação deste metal. Com isso, pode-se concluir que o hÚmus pode ser considerado como um agente complexante para reduzir a disponibilidade de Cd para plantas. Testes posteriores ainda serão feitos para determinar os ácidos hÚmicos e fÚlvicos do hÚmus.


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