Apesar de ter-se observado um acentuado declínio das lesões de cárie dentária em crianças e adolescentes, tanto em termos mundiais como em nacionais, esta continua sendo um dos principais problemas de saúde bucal a ser enfrentado no Brasil e no mundo. No Brasil, a última Pesquisa Nacional de Saúde Bucal, conhecida como Projeto SB Brasil 2010, mostrou que aos 5 anos de idade somente 46,6% das crianças estavam livres de cárie. Em média, uma criança brasileira apresentou 2,43 dentes com experiência de cárie, sendo que, destes, menos de 20% estavam tratados. Em Santa Cruz do Sul - RS, o levantamento que avaliou a prevalência de cárie em pré-escolares, realizado em 2000, mostrou que aos 5 anos de idade a prevalência era de 67,5%. O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência de cárie dentária em pré-escolares de 2 a 5 anos de idade regularmente matriculados em Escolas Municipais de Educação Infantil (EMEIs) da área urbana do município de Santa Cruz do Sul. Este projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da UNISC em maio de 2015, através do parecer número 1.061.450.  A amostra total da pesquisa consiste em 471 crianças, entretanto, neste trabalho serão apresentados dados parciais, coletados em 12 das 18 EMEIs do município Senta Cruz do Sul, de abril a junho de 2016, resultando em 230 exames. As examinadoras passaram por um processo de treinamento e calibração, obtendo coeficientes Kappa para cárie dentária que variaram de 0,88 a 0,91 interexaminador e de 0,85 a 0,91 intra-examinador. A pesquisa iniciou através de um projeto piloto que teve como finalidade reproduzir em menor escala o trabalho a ser desenvolvido na pesquisa. Finalizado o projeto piloto, foram entregues os Termos de Consentimento de Livre Esclarecimento (TCLE) aos responsáveis pelas crianças e após sua autorização, os exames bucais foram realizados. As crianças pertencentes à amostra foram examinadas nas dependências de suas respectivas EMEIs por 3 examinadoras e anotadoras, em ambiente com iluminação natural. Os critérios seguidos para diagnóstico de cárie dentária foram os propostos pela Organização Mundial da Saúde (OMS, 1997). A unidade de medida utilizada foi o índice ceo-d, que contabiliza a quantidade de elementos dentários decíduos acometidos por cárie, extraídos e restaurados. Os índices ceo-d obtidos foram de 0,49, 0,44, 0,95 e 1,94 para as idades de 2, 3, 4 e 5 anos respectivamente, com uma média total de 0,83. O componente cariado predominou, sendo responsável por 82,2% do índice. Constatou-se que houve uma redução do índice ceo-d na faixa etária de 5 anos, em comparação aos resultados do Projeto SB Brasil 2010, tanto em nível nacional quanto regional. Os percentuais de crianças livres de cárie foram de 82,54%, 79,66%, 60,53% e 50% respectivamente para as idades de 2, 3, 4 e 5 anos, resultando em uma média geral de 70% de crianças livres de cárie. Dessa forma, pode-se observar uma redução na prevalência de cárie em crianças de 5 anos no município de Santa Cruz do Sul, em comparação aos dados do ano de 2000. Os resultados obtidos até o momento possibilitam concluir que, apesar da redução nos índices de cárie dentária, ainda há um grande percentual de crianças com lesões de cárie e sem tratamento, o que indica a necessidade de elaboração e fortalecimento de estratégias para prevenção e tratamento da doença.