RELAÇÃO ENTRE A CAPACIDADE FUNCIONAL E A RECUPERAÇÃO DA FREQUÊNCIA CARDÍACA EM PACIENTES PÓS-CIRURGIA CARDÍACA
Resumo
A Reabilitação Cardiovascular (RCV) no período pós-cirurgia cardíaca objetiva melhorar a resposta da frequência cardíaca (FC) e da capacidade oxidativa, adequando às necessidades fisiológicas no repouso e no exercício dos sujeitos operados. Objetivou-se avaliar a capacidade funcional e o consumo de oxigênio (VO2) estimados indiretamente, bem como a recuperação da FC destes pacientes após o Incremental Shuttle Walk Test (ISWT). Estudo transversal, tipo estudo de casos, avaliou pacientes pós-cirurgia cardíaca em RCV. Os pacientes foram submetidos ao questionário Duke Activity Status Index (DASI), para estimar a capacidade funcional e o VO2, composto de 12 perguntas que envolvem atividades de vida diária onde cada questão apresenta uma pontuação baseada proporcionalmente ao gasto metabólico e cujo escore total varia de 0 a 58,2 pontos. Quanto maior o escore total, melhor a capacidade funcional. O VO2 é estimado pela equação VO2=0,43xDASI+9,6. A FC foi obtida com o cardiofrequencímetro Polar S810i (Polar®, Kempele), nas situações: repouso (FCRep); durante o ISWT (FCPico) realizado conforme Holland et al. (2014); recuperação do ISWT (FCRec) após descartar-se o 1º minuto (min) pós teste. Os dados da FC foram processados no software Polar Pro Trainer e posteriormente calculou-se o delta de variação da FCRec (FCRec) com a subtração da FCRec pela FC de pico (FCPico). Desta forma, um FCRec menor que 12 batimentos por min (bpm) significou pior prognóstico e maior mortalidade dos pacientes. Os resultados foram expressos em média e desvio padrão, mediana (mínimo e máximo), a análise de variância estimou a diferença entre os diferentes momentos de FC e a associação entre as variáveis foi realizada pelo teste de correlação de Spearman. Foram avaliados 11 pacientes pós-cirurgia cardíaca em RCV, de idade média 63,4±5,4 anos, Índice de Massa Corporal 28,5±3,0 Kg/m² e predominância do sexo masculino (81,8%). O tempo pós-cirúrgico foi de 11(08–102) dias e as cirurgias foram revascularização do miocárdio (45,5%), troca valvar (18,2%) e outras intervenções (36,4%). O escore total do DASI foi em média 20,7(4,5–50,7) pontos e o VO2 estimado 18,1±5,6 mL.kg-1.min-1 caracterizando a amostra com capacidade funcional comprometida, sendo 72,7% classificados em VO2 muito fraco. No ISWT os sujeitos caminharam em média 388,1±107,5 metros, 50,1±9,5% do predito para sujeitos hígidos. A FC diferiu significativamente entre os tempos repouso, pico do exercício e recuperação (FCRep 79,1±13,0 vs FCPico 120,1±16,5 vs FCRec 95,2±13,3bpm, p<0,01). O FCRec foi 24,8±9,2 bpm, sendo que 09 pacientes apresentaram FCRec 23(14 – 42) bpm e 02 pacientes FCRec 08(05 – 11) bpm. Nós encontramos uma correlação forte, direta e significativa entre a FCRep e a FCRec (r=0,895; p<0,001). A FCRep apresentou correlação negativa e significativa tanto com o escore total do DASI (r=-0,672; p=0,047), quanto com VO2 estimado (r=-0,672; p=0,047). Pacientes em RCV, pós-cirurgia cardíaca, apresentaram aumento esperado da FC quando submetidos a um teste com carga incremental, porém sua capacidade funcional está comprometida e o seu VO2 estimado é muito fraco. O comprometimento da capacidade funcional faz com que estes apresentem FCRep mais elevada, deficiência na FCRec após o ISWT e pior prognóstico clínico.
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