INFLUÊNCIA DA PROBABILIDADE DE APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO (AOS) NA CAPACIDADE FUNCIONAL E QUALIDADE DE VIDA EM PORTADORES DE DPOC

Elisabete Antunes San Martin, Paloma de Borba Schneiders, Cássia da Luz Goulart, Letícia dos Reis Lima, Lisiane Lisboa Carvalho, Andréa Lúcia Gonçalves da Silva

Resumo


A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é caracterizada pela limitação persistente e progressiva do fluxo aéreo, associada ao aumento da resposta inflamatória anormal dos pulmões e com manifestações sistêmicas. Na DPOC, a patogenia dos distúrbios do sono parece ser um processo complexo e multifatorial, com alterações fisiológicas associadas ao sono, que podem desencadear alguns sintomas noturnos, como tosse, dispneia, saturação de oxigênio reduzida, hipercapnia e o uso dos músculos respiratórios acessórios, podendo ocorrer redução da capacidade funcional e da qualidade de vida desses pacientes. Objetivou-se identificar a influência do distúrbio do sono (AOS) na capacidade funcional e na qualidade de vida dos portadores de DPOC. Estudo transversal, amostra de conveniência, realizado com portadores de DPOC participantes do Programa de Reabilitação Pulmonar, no Hospital Santa Cruz. Todos os pacientes foram submetidos ao teste de caminhada de 6 minutos (TC6m) para avaliar a capacidade funcional, ao questionário de Berlim (QB) que avalia a probabilidade de AOS quando duas das três categorias de perguntas respondidas forem positivas, e ao questionário do Hospital Saint George de qualidade de vida (SGRQ) que contém 76 itens que compreendem três componentes de acordo com as implicações da doença: sintomas, atividade e impacto. A pontuação do SGRQ é calculada separadamente por componentes, bem como, a pontuação total por meio de somatório. Quanto maior a pontuação, pior a qualidade de vida. Após a análise do QB os pacientes foram estratificados em dois grupos: G1: DPOC + probabilidade de AOS (n=7) e G2: DPOC sem probabilidade de AOS (n=11). Os resultados foram expressos em média e desvio padrão, sendo utilizado o teste t de Student para análise de amostras independentes e realizado a regressão linear simples. Os grupos apresentaram predominância do sexo masculino [G1 n=5 (71,4%) vs G2 n=10 (90,9%), p=0,19], idade adulta (G1 61,4±5,5 anos vs G2 65±7,5 anos, p=0,26), obesos (G1 29±4,6 vs G2 25,1±5,3 Kg/m2, p=0,12), VEF1 [G1 1,2(0,4-2,3) vs G2 0,9(0,4-2,5) l/s, p=0,66], % predito VEF1[G1 37(13-79) vs G2 44(16-79)%, p=0,88]. Nenhuma diferença significativa foi encontrada na qualidade de vida (SGRQ total: G1= 43,3±13,9 vs G2= 45,4±18,2, p=0,78) e na distância percorrida no TC6m entre os grupos (distância percorrida: G1=475,7±57,3 vs G2=468,5±76,4 metros, p=0,82; percentual do predito para portadores de DPOC: G1=102,4±15,4% vs G2=90,4±24,4% , p=0,21).  Correlação forte e significativa entre a distância percorrida no TC6m e o componente impacto do questionário SGRQ (r= -0,901; p<0,01) e o SGRQ total (r= -0,748; p=0,05) foi encontrada somente no G1. Correlação moderada foi encontrada entre a distância percorrida no TC6m e o componente impacto do questionário SGRQ (r= -0,647; p=0,03) no G2. Pelo modelo de regressão linear identificamos que a capacidade funcional dos portadores de DPOC com probabilidade de AOS influência isoladamente 47% na sua qualidade de vida total. A probabilidade de coexistente de AOS somada a DPOC influencia negativamente a capacidade funcional e qualidade de vida destes sujeitos. 


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