AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DE NASCENTES NA BACIA DO ARROIO ANDRÉAS, RS, BRASIL, UTILIZANDO O ÍNDICE TRÓFICO DE QUALIDADE DA ÁGUA (ITQA).

Carla Giselda Heinrich, Marilia Schuch, Eduardo Alexis Lobo Alcayaga

Resumo


 Nascentes são afloramentos do lençol freático que dão origem a uma fonte de água de acúmulo, ou a cursos d’água, constituindo-se em importantes fontes naturais de água na superfície terrestre. Apesar de sua evidente importância no fornecimento de água para a sustentação da vida, o crescimento acelerado populacional observado nas últimas décadas tem gerado o estabelecimento crescente de processos poluidores como o lançamento de dejetos líquidos e sólidos, prejudicando a ecologia aquática e comprometendo os usos deste recurso hídrico. Desta forma, evidencia-se a importância da adoção de critérios ecológicos de avaliação suficientemente capazes de detectar e representar a carga poluidora e a tolerância aos seus efeitos nos ecossistemas límnicos, destacando o monitoramento biológico como uma medida direta da integridade ecológica por utilizar a resposta das biotas às alterações ambientais. Neste contexto, a presente pesquisa objetivou avaliar a qualidade da água de nascentes localizadas na Bacia do Arroio Andréas, RS, Brasil, através da aplicação do Índice Trófico de Qualidade da Água (ITQA), que utiliza algas diatomáceas epilíticas como organismos bioindicadores. Foram selecionadas sete estações de amostragem, localizadas em áreas de nascentes da referida Bacia, tendo sido realizadas coletas sazonais, entre Agosto de 2015 e Julho de 2016. Para as análises qualitativas e quantitativas, as amostras de algas diatomáceas foram raspadas de três rochas com cerca de 10 a 20 cm de diâmetro e fixadas com formalina. Com o material coletado foram preparadas lâminas permanentes para análise em microscópio óptico. Até o momento, a pesquisa possibilitou a identificação de 223 táxons, distribuídos em 51 gêneros, sendo que destes, 49 táxons foram considerados abundantes. De modo geral, os resultados indicaram que os níveis de poluição da água variaram entre Oligotrófico (poluição desprezível) e ß-mesotrófico (poluição moderada). Os níveis moderados de poluição detectados podem ser explicados devido ao fato de terem sido identificadas espécies classificadas como abundantes e com média tolerância à eutrofização, como por exemplo, Achnanthidium exiguum var. constrictum (Grunow) N. A. Andresen, Stoermer & Kreis, Cocconeis lineata  (Ehrenberg), Sellaphora nigri (De Notaris) C.E. Wetzel & Ector in Wetzel et al. e Humidophila contenta (Grunow) R.L. Lowe et al., espécies características de condições  ß-mesotróficas, ou seja, ambientes moderadamente poluídos. Embora a pesquisa tenha sida realizada em áreas de nascentes, a ocorrência destas espécies poderia ser explicada considerando o uso destas áreas para fins agrícolas e criação de animais, comprometendo a estabilidade destes ecossistemas aquáticos em função do aporte significativo de fertilizantes e matéria orgânica, condição que caracteriza um processo de eutrofização. Os resultados evidenciaram, ainda, a eficiência do uso da comunidade de diatomáceas epilíticas na indicação de condições ambientais em cursos d’água lóticos subtropicais e temperados brasileiros, uma vez que os resultados obtidos representam o real estado de impactação, principalmente no que diz respeito à eutrofização. 


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