INFLUÊNCIA DA MODULAÇÃO AUTONÔMICA CARDÍACA NA REPARAÇÃO DO DNA EM PORTADORES DE DPOC

Cassia da Luz Goulart, Augusto Ferreira Weber, Maribel Bresciani, Lia Gonçalves Possuelo, Andréia Rosana de Moura Valim, Andréa Lúcia Gonçalves da Silva

Resumo


A disfunção autonômica, bem como, a inflamação sistêmica e o estresse oxidativo podem provocar morbidades cardiovasculares e lesões no DNA em portadores de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Atualmente as respostas do controle autonômico associada com o dano e a reparação do DNA, particularmente na DPOC, são escassas. Objetivou-se avaliar a influência da modulação autonômica cardíaca na reparação do DNA em portadores de DPOC. Estudo transversal, do tipo estudo de caso, com amostragem de conveniência composta por 12 portadores de DPOC. A modulação autonômica cardíaca deu-se pelo registro da variabilidade da frequência cardíaca (VFC), com o paciente na posição de sedestação 90 graus, em repouso (10 minutos), utilizando um cardiofrequencímetro Polar S810i (Polar®, Kempele), sendo os dados de domínio da frequência [baixa frequência (BFnu) e alta frequência (AFnu)], posteriormente analisados através do software Kubios HRV (versão 2.2). Ensaio cometa na versão alcalina (pH=13) foi realizado conforme Collins (2004). As lâminas foram contadas em duplicata (50 células/lâmina) em microscopia óptica convencional e calculado o índice de dano (ID) conforme o tamanho da cauda. Para avaliar a reparação a danos induzidos no DNA, os linfócitos dos pacientes foram tratados com agente alquilante metilmetanosulfonato (MMS) por 5 minutos e após a retirada do MMS procedeu-se o ensaio cometa versão alcalina nos tempos zero, 60 e 180 minutos (`). Após 180` de tratamento, foi calculada a porcentagem de danos residuais (DR) assumindo que o valor após 60` de tratamento com MMS significa 100% de dano no DNA. E de acordo com a natureza da distribuição das variáveis utilizou-se as medidas de média e desvio padrão ou mediana com intervalo mínimo e máximo e as associações entre as variáveis através do Coeficiente de Correlação de Pearson. Um modelo de regressão linear simples foi utilizado para avaliar o efeito da VFC sobre o DR. Foram avaliados 12 portadores de DPOC com predomínio do sexo masculino (75,0%), idade de 68,0±9,0, estadiamento da doença entre moderado e muito severo, volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1): 1,0±0,1 (L/s), predito 40,2±5,7%; VEF1/capacidade vital forçada: 0,4±0,1 (L/s), predito 61,7±24,1%. Quando comparados os valores de VFC em repouso, encontramos um predomínio do sistema parassimpático [AF (nu): 50,0±6,5] e redução do sistema simpático [BF (nu) 46,5±5,6]. A frequência de dano pelo ensaio cometa foi: ID Alcalino: 189,4±91,8, ID Tempo 0: 213,0±140,6, ID Tempo 60`: 264,4±40,5, ID Tempo 180`: 148,3±44,2. O DR foi estimado em 57,2±46,2 demonstrando reparação do dano induzido pelo MMS no DNA. Encontramos correlações moderadas entre AF com DR (r= -0,69 p=0,03) e BF com DR (r=0,48 p=0,03). Através do modelo de regressão linear simples identificamos que a AF influencia isoladamente 32% no DR dos portadores de DPOC. Os portadores de DPOC apresentaram predomínio de ativação parassimpática em repouso, resposta esta anormal que parece influenciar diretamente na reparação do DNA. Podemos, desta forma, inferir a ocorrência de uma resposta adaptativa da célula frente a alteração da modulação autonômica em repouso dos portadores de DPOC.

 

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