INFLUÊNCIA DA MODULAÇÃO AUTONÔMICA CARDÍACA NA REPARAÇÃO DO DNA EM PORTADORES DE DPOC
Resumo
A disfunção autonômica, bem como, a inflamação sistêmica e o estresse oxidativo podem provocar morbidades cardiovasculares e lesões no DNA em portadores de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Atualmente as respostas do controle autonômico associada com o dano e a reparação do DNA, particularmente na DPOC, são escassas. Objetivou-se avaliar a influência da modulação autonômica cardíaca na reparação do DNA em portadores de DPOC. Estudo transversal, do tipo estudo de caso, com amostragem de conveniência composta por 12 portadores de DPOC. A modulação autonômica cardíaca deu-se pelo registro da variabilidade da frequência cardíaca (VFC), com o paciente na posição de sedestação 90 graus, em repouso (10 minutos), utilizando um cardiofrequencímetro Polar S810i (Polar®, Kempele), sendo os dados de domínio da frequência [baixa frequência (BFnu) e alta frequência (AFnu)], posteriormente analisados através do software Kubios HRV (versão 2.2). Ensaio cometa na versão alcalina (pH=13) foi realizado conforme Collins (2004). As lâminas foram contadas em duplicata (50 células/lâmina) em microscopia óptica convencional e calculado o índice de dano (ID) conforme o tamanho da cauda. Para avaliar a reparação a danos induzidos no DNA, os linfócitos dos pacientes foram tratados com agente alquilante metilmetanosulfonato (MMS) por 5 minutos e após a retirada do MMS procedeu-se o ensaio cometa versão alcalina nos tempos zero, 60 e 180 minutos (`). Após 180` de tratamento, foi calculada a porcentagem de danos residuais (DR) assumindo que o valor após 60` de tratamento com MMS significa 100% de dano no DNA. E de acordo com a natureza da distribuição das variáveis utilizou-se as medidas de média e desvio padrão ou mediana com intervalo mínimo e máximo e as associações entre as variáveis através do Coeficiente de Correlação de Pearson. Um modelo de regressão linear simples foi utilizado para avaliar o efeito da VFC sobre o DR. Foram avaliados 12 portadores de DPOC com predomínio do sexo masculino (75,0%), idade de 68,0±9,0, estadiamento da doença entre moderado e muito severo, volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1): 1,0±0,1 (L/s), predito 40,2±5,7%; VEF1/capacidade vital forçada: 0,4±0,1 (L/s), predito 61,7±24,1%. Quando comparados os valores de VFC em repouso, encontramos um predomínio do sistema parassimpático [AF (nu): 50,0±6,5] e redução do sistema simpático [BF (nu) 46,5±5,6]. A frequência de dano pelo ensaio cometa foi: ID Alcalino: 189,4±91,8, ID Tempo 0: 213,0±140,6, ID Tempo 60`: 264,4±40,5, ID Tempo 180`: 148,3±44,2. O DR foi estimado em 57,2±46,2 demonstrando reparação do dano induzido pelo MMS no DNA. Encontramos correlações moderadas entre AF com DR (r= -0,69 p=0,03) e BF com DR (r=0,48 p=0,03). Através do modelo de regressão linear simples identificamos que a AF influencia isoladamente 32% no DR dos portadores de DPOC. Os portadores de DPOC apresentaram predomínio de ativação parassimpática em repouso, resposta esta anormal que parece influenciar diretamente na reparação do DNA. Podemos, desta forma, inferir a ocorrência de uma resposta adaptativa da célula frente a alteração da modulação autonômica em repouso dos portadores de DPOC.
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