LEVANTAMENTO DA FLORA NA ÁREA VERDE ENTRE AS RUAS CARLOS WILD E THOMAZ GONZAGA EM VERA CRUZ, RS, BRASIL
Resumo
Atualmente o crescimento populacional das cidades é o principal agente causador da fragmentação das florestas, como resultado sobram os resquícios dessa vegetação em zona urbana que possuem um número de espécies muito reduzido em comparação com a mata original, e que, pode levar à extinção de espécies locais. Porém, essa fragmentação também necessita de manejo adequado para proteger sua flora e fauna restante, de modo a incentivar a preservação juntamente com o apoio da população local. Com isso, o objetivo deste trabalho é realizar o levantamento florístico de uma área de nove hectares que se localiza entre as ruas Carlos Wild e Thomaz Gonzaga em Vera Cruz, RS. Para o levantamento foi imposta uma parcela de 300x10 metros, em toda a borda leste da mata, onde cada árvore teve seu PAP e alturas medidos, sua localização geográfica, plotada em mapa a partir de um exemplar arbóreo de referência (Pinus elliotii). Todas as espécies encontradas foram amostradas e as coletas herborizadas, identificadas e depositadas no Herbário da Universidade de Santa Cruz do Sul (HCB). Foram catalogados 405 indivíduos subdivididos em 31 famílias, 48 gêneros e 57 espécies onde 10 morfoespécies foram identificadas até nível de gênero e 37 indivíduos não foram identificados, devido à falta de caracteres morfológicos. Dentre as 57 espécies, 81% são nativas e 19% são exóticas, também três destas encontram-se com determinado grau de ameaça: Apuleia leiocarpa, CR; Ocotea sylvestres, VU; Ficus luschnathiana, NT. A família com mais representatividade foi Myrtaceae com 8 indivíduos, Lauraceae com 7 indivíduos, Sapindaceae, Primulaceae, Fabaceae e Bignoniaceae com 4 indivíduos, e demais famílias representadas por menos de 3 indivíduos. As famílias Myrtaceae e Lauraceae são, em geral, as mais frequentes em Mata Atlântica, devido o seu modo de dispersão por zoocoria. As espécies mais frequentes são Schinus terebinthifolius, com 65 indivíduos, Allophylus edulis, com 36, Cupania vernalis, com 26, Morus nigra, com 23, Casearia sylvestris e Myrsine laetevirens com 22, Trema micrantha, com 19 e Sebastiania commersoniana, com 18. Essas espécies são muito comuns em beira de mata, e se mostram indiferentes às características do solo, podendo ser encontradas, tanto em áreas alagadas como em solo seco. Considerando a falta de estudos sobre levantamento florístico em área urbana, este trabalho demonstra a importância de se conhecer a diversidade local, pois a área encontra-se com muita deposição de lixo, trilhas clandestinas, coletas de terra, corte de árvores e plantas ornamentais. Com isso, é necessário que a área torne-se protegida e funcione como um importante fragmento florestal urbano, para conservação da biodiversidade local.
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