AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA DA EFICIÊNCIA DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES DA UNISC, UTILIZANDO CERIODAPHNIA DUBIA STRAUS COMO ORGANISMO BIOINDICADOR.
Resumo
Um dos principais fatores antrópicos de degradação de rios e lagos é o derramamento de esgotos oriundos de lixos domésticos e/ou industriais sem qualquer tipo de tratamento prévio, seja ele convencional ou avançado, sendo que este tipo de negligência vem colocando em risco uma série de espécies que vivem nestes ambientes. A Ecotoxicologia é uma ferramenta da ciência moderna que visa avaliar substâncias ou compostos químicos que constituem os poluentes liberados no meio ambiente, e seu potencial impacto deletério sobre os organismos vivos presentes neste meio, destacando a utilização do microcrustáceo zooplanctônico Ceriodaphnia dubia Richard, 1894 (Crustácea, Cladocera) como organismo-teste. Ciente da problemática de liberação de resíduos domésticos no meio aquático, a UNISC implantou um Sistema de Tratamento de Efluentes dentro do campus (ETE-UNISC), visando diminuir a carga poluidora que é enviada para o corpo receptor. A ETE recebe todo o efluente líquido e sólidos do campus, cerca de 200 m³ dia -1 que seguem por três estágios após o gradeamento dos resíduos sólidos, tanque de decantação (efluente bruto), tratamento por microalgas e wetlands construídos. A coleta de amostras é feita nestes três pontos principais, onde obtém-se o efluente bruto e tratado. Neste contexto, a presente pesquisa objetivou avaliar a eficiência do sistema integrado de tratamento de efluentes ETE-UNISC, através da realização de testes ecotoxicológicos utilizando o organismo bioindicador C. dubia. O organismo-teste é cultivado no Laboratório de Ecotoxicologia da Central Analítica da UNISC, conforme a norma brasileira 13373 (ABNT, 2010), sendo utilizado nos testes neonatos com idade aproximada de 6 a 24 horas de vida. Primeiramente os organismos passam por testes mensais de sensibilidade expondo os neonatos a diferentes concentrações da substância de referência KCl (Cloreto de Potássio) mais o controle por 24 horas, avaliando sua mobilidade e mortalidade, definindo assim, sua aptidão ou não para a realização de testes crônicos. Em síntese, o teste crônico consiste em expor fêmeas com menos de 24 horas de idade a diferentes concentrações da amostra, por um período de sete dias. O sistema utilizado é o semiestático, no qual se realiza a substituição da amostra durante o decorrer do ensaio. Os testes de sensibilidade realizados apresentaram uma CE(I)50 24 horas (Concentração de Exposição Inicial) de 0,23 mg L -1 á 0,42 mg L -1 , sendo que a faixa ideal para o teste é de -0,01 mg L -1 a 0,47 mg L -1 para a substância de referência, não ultrapassando os limites de controle (dois desvios-padrão), condicionando, assim, a realização de testes ecotoxicológicos. Os resultados dos testes crônicos obtidos até o presente momento indicaram para o efluente bruto uma concentração inicial de inibição CI 25% de 0,53%, correspondendo a uma amostra extremamente tóxica, e o efluente tratado pós wetlands não apresentou toxicidade. Desta forma, os resultados preliminares obtidos sugerem que a integração de diferentes métodos de tratamento de efluentes na ETE-UNISC destaca-se como alternativa promissora para a remoção de toxicidade de efluentes domésticos.
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