AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA DA EFICIÊNCIA DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE EFLUENTES DA UNISC, UTILIZANDO CERIODAPHNIA DUBIA STRAUS COMO ORGANISMO BIOINDICADOR.

Vanessa Rosana Ribeiro, Enio Machado, Adriana Düpont, Eduardo Alexis Lobo Alcayaga

Resumo



Um dos principais fatores antrópicos de degradação de rios e lagos é o derramamento de esgotos oriundos de lixos domésticos e/ou industriais sem qualquer tipo de tratamento prévio, seja ele convencional ou avançado, sendo que este tipo de negligência vem colocando em risco uma série de espécies que vivem nestes ambientes. A Ecotoxicologia é uma ferramenta da ciência moderna que visa avaliar substâncias ou compostos químicos que constituem os poluentes liberados no meio ambiente, e seu potencial impacto deletério sobre os organismos vivos presentes neste meio, destacando a utilização do microcrustáceo zooplanctônico Ceriodaphnia dubia Richard, 1894 (Crustácea, Cladocera) como organismo-teste. Ciente da problemática de liberação de resíduos domésticos no meio aquático, a UNISC implantou um Sistema de Tratamento de Efluentes dentro do campus (ETE-UNISC), visando diminuir a carga poluidora que é enviada para o corpo receptor. A ETE recebe todo o efluente líquido e sólidos do campus, cerca de 200 m³ dia -1 que seguem por três estágios após o gradeamento dos resíduos sólidos, tanque de decantação (efluente bruto), tratamento por microalgas e wetlands construídos. A coleta de amostras é feita nestes três pontos principais, onde obtém-se o efluente bruto e tratado. Neste contexto, a presente pesquisa objetivou avaliar a eficiência do sistema integrado de tratamento de efluentes ETE-UNISC, através da realização de testes ecotoxicológicos utilizando o organismo bioindicador C. dubia. O organismo-teste é cultivado no Laboratório de Ecotoxicologia da Central Analítica da UNISC, conforme a norma brasileira 13373 (ABNT, 2010), sendo utilizado nos testes neonatos com idade aproximada de 6 a 24 horas de vida. Primeiramente os organismos passam por testes mensais de sensibilidade expondo os neonatos a diferentes concentrações da substância de referência KCl (Cloreto de Potássio) mais o controle por 24 horas, avaliando sua mobilidade e mortalidade, definindo assim, sua aptidão ou não para a realização de testes crônicos. Em síntese, o teste crônico consiste em expor fêmeas com menos de 24 horas de idade a diferentes concentrações da amostra, por um período de sete dias. O sistema utilizado é o semiestático, no qual se realiza a substituição da amostra durante o decorrer do ensaio. Os testes de sensibilidade realizados apresentaram uma CE(I)50 24 horas (Concentração de Exposição Inicial) de 0,23 mg L -1  á 0,42 mg L -1 , sendo que a faixa ideal para o teste é de -0,01 mg L -1  a 0,47 mg L -1  para a substância de referência, não ultrapassando os limites de controle (dois desvios-padrão), condicionando, assim, a realização de testes ecotoxicológicos. Os resultados dos testes crônicos obtidos até o presente momento indicaram para o efluente bruto uma concentração inicial de inibição CI 25% de 0,53%, correspondendo a uma amostra extremamente tóxica, e o efluente tratado pós wetlands não apresentou toxicidade. Desta forma, os resultados preliminares obtidos sugerem que a integração de diferentes métodos de tratamento de efluentes na ETE-UNISC destaca-se como alternativa promissora para a remoção de toxicidade de efluentes domésticos. 


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