PRESSÃO ARTERIAL ALTERADA EM ADOLESCENTES: ASSOCIAÇÃO COM FATORES DE RISCO ÀS DOENÇAS CARDIOVASCULARES DE SEUS PAIS
Resumo
Casos de pressão arterial (PA) elevada em crianças e adolescentes vêm aumentando nos últimos anos, sendo o histórico familiar de hipertensão um importante fator de risco para doenças cardiovasculares e doença cardíaca coronariana. Doenças cardiovasculares tem maior índice de mortalidade, apontando a PA como principal fator de risco, podendo ter início na infância e adolescência. Dessa forma, a investigação precoce da PA é de suma importância. Além disso, o histórico familiar é relevante para melhorar a avaliação de risco e prevenção de doenças crônicas. Objetivou-se verificar se existe associação entre pressão arterial alterada em adolescentes com fatores de risco às doenças cardiovasculares de seus pais. Estudo transversal, realizado com 859 adolescentes, sendo 479 (55,8%) do sexo feminino, com idade entre 10 a 17 anos, estudantes de escolas da rede pública (municipais e estaduais) e privada do município de Santa Cruz do Sul-RS. A avaliação da pressão arterial (PA) foi realizada nas dependências da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). O escolar, no momento da avaliação, encontrava-se em repouso. A aferição da PA foi realizada no braço esquerdo, com estetoscópio e esfigmomanômetro. Foram realizadas duas aferições, sendo considerados os valores mais baixos para PA sistólica (PAS) e diastólica (PAD). Os dados foram posteriormente classificados de acordo com a VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Considerou-se PA alterada para a classificação limítrofe e hipertensão, para PAS e/ou PAD. Os dados foram analisados no programa estatístico SPSS v. 23.0 (IBM, Armonk, NY, USA). As características descritivas foram expressas em frequência e percentual. A associação entre PA alterada (variável desfecho) com os fatores de risco dos pais foi testada através da regressão de Poisson, descrita através dos valores de razão de prevalência (RP) e intervalo de confiança para 95% (IC 95%), considerando significativas as diferenças para p<0,05. É elevado o percentual de adolescentes, com alteração na PA (19,4%), assim como a presença de fatores de risco às doenças cardiovasculares entre os pais, como hipertensão e problemas circulatórios, principalmente evidenciados nas mães (21,8% e 16,8%, respectivamente). Quando testada a associação entre a PA dos adolescentes com os fatores de risco às doenças cardiovasculares de seus pais, a prevalência de PA alterada é superior entre os adolescentes cujas mães apresentam hipertensão (RP: 1,09) e histórico de infarto (RP: 1,25). Entre os pais, somente a presença de colesterol elevado associou-se com a alteração da PA nos adolescentes (RP: 1,08). Conclui-se que é elevada a prevalência de pressão arterial alterada em escolares, a qual está associada com a presença de hipertensão e histórico de infarto, entre as mães, bem como com a presença de colesterol elevado entre os pais.
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