PERFIL LIPÍDICO E GLICÊMICO DE ADOLESCENTES COM DIFERENTES ESTADOS NUTRICIONAIS.

Suellen Teresinha Rodrigues, Cézane Priscila Reuter, Jane Dagmar Pollo Renner, Miria Suzana Burgos

Resumo


A adolescência corresponde a um período de mudanças fisiológicas, em que a consolidação dos hábitos alimentares incorretos desencadeia o risco de doenças, sobretudo as dislipidemias, em conjunto com a obesidade, fato observado em estudos epidemiológicos. Atualmente, sabe-se que as dislipidemias são decorrentes de fatores genéticos e ambientais, tais como o estilo de vida sedentário e dieta inadequada. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), vários indicadores antropométricos são recomendados para avaliar o estado nutricional de crianças, adolescentes e adultos, como o índice de massa corporal (IMC), percentual de gordura (%G) e circunferência da cintura (CC). Objetivou-se comparar o perfil lipídico e glicêmico de adolescentes com diferentes estados nutricionais e verificar possível associação entre os indicadores antropométricos e o perfil bioquímico. O presente estudo transversal, recorte de uma pesquisa mais ampla denominada “Saúde dos escolares – Fase III”, compreendeu uma amostra de 1.148 adolescentes, com idade entre 12 e 17 anos, sendo 657 (57,2%) do sexo feminino, de escolas municipais, estaduais e particulares, da zona urbana e rural de Santa Cruz do Sul, interior do Rio Grande do Sul. Para a avaliação antropométrica foram utilizados três parâmetros: IMC, CC e %G. O perfil bioquímico foi analisado com amostras de soro, após coleta de sangue com o escolar em jejum prévio de 12 horas, através dos seguintes parâmetros: glicose, colesterol total, colesterol HDL (high density lipoprotein; lipoproteína de alta densidade), colesterol LDL (low density lipoprotein; lipoproteína de baixa densidade) e triglicerídeos. A análise estatística foi realizada no programa SPSS v. 23.0, através do teste t de Student, ANOVA com teste Post-hoc de Tukey e correlação linear de Pearson, considerando significativas as diferenças para p<0,05. De forma geral, escolares com obesidade, através do IMC, CC e %G, apresentam médias significativamente superiores de colesterol total, colesterol LDL e triglicerídeos, bem como baixos níveis de colesterol HDL, tanto em meninos, quanto nas meninas. Não foi encontrada diferença significativa quando comparada a glicose de acordo com o estado nutricional do escolar. Quando testada a associação entre os indicadores antropométricos com os parâmetros bioquímicos, observa-se correlação fraca e significativa entre o IMC com o colesterol HDL (r= -0,215) e com triglicerídeos (r=0,317) entre os meninos. Da mesma forma, a CC esteve relacionada, de forma fraca, com colesterol HDL (r= -0,273) e triglicerídeos (r=0,330) nos meninos e com colesterol HDL nas meninas (r= -0,208). Para o %G, houve correlação fraca, apenas entre os meninos, para colesterol total (r= 0,219), colesterol LDL (r= 0,239) e triglicerídeos (r= 0,301). Escolares obesos apresentam níveis significativamente mais elevados de colesterol total, colesterol LDL e triglicerídeos, bem como baixos níveis de colesterol HDL. Ressalta-se a importância da identificação precoce desses fatores de risco, já na infância e adolescência, bem como elaboração de estratégias de promoção da saúde, visando a prevenção de riscos às doenças cardiovasculares que podem acometer estes jovens na fase adulta.


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