OBESIDADE E ESTILO DE VIDA DE TRABALHADORES: UM ESTUDO EM SANTA CRUZ DO SUL E MUNICÍPIOS DA MICRORREGIÃO SUL DO COREDE-VALE DO RIO PARDO

Luana da Rosa dos Santos, Patrik Nepomuceno, Hildegard Hedwig Pohl, Miriam Beatrís Reckziegel

Resumo


A obesidade vem aumentando de forma persistente e gradual em todas as regiões e estratos socioeconômicos do Brasil, especialmente entre indivíduos adultos. O incremento da obesidade também está presente entre os agricultores, como apontam estimativas recentes no meio rural brasileiro. Nesta perspectiva, pesquisas buscam relacionar a obesidade e o perfil nutricional dos trabalhadores rurais, observando a vulnerabilidade desta população diante das intensas mudanças estruturais nas atividades desenvolvidas no meio rural, que passaram a ser mais automatizadas. Estas alterações afetam, de certa forma, a saúde e a nutrição destes trabalhadores, sendo urgente a atenção ao estilo de vida desta população, principalmente porque continuam escassos os estudos nacionais acerca do excesso de peso e agravos associados. Este estudo descritivo tem como objetivo identificar o perfil de estilo de vida e condições de saúde dos trabalhadores rurais dos municípios de Santa Cruz do Sul e da microrregião sul do COREDE - Vale do Rio Pardo.  Foram sujeitos deste estudo 140 trabalhadores rurais participantes do projeto "Triagem de fatores de risco relacionados ao excesso de peso em trabalhadores da agroindústria usando novas tecnologias analíticas e de informação em saúde", que foram caracterizados por seu estilo de vida através da aplicação de um questionário, previamente validado, subdividido em blocos, sendo os utilizados nesse estudo: a) identificação e indicadores socioeconômicos; b) organização do cotidiano; c) atividades físicas e desportivas; e d) indicadores de saúde. Os dados foram analisados para a descrição do perfil destes trabalhadores pela estatística descritiva (média e desvio padrão, para variáveis quantitativas, e frequência e percentual, para as qualitativas) através do SPSS. Os resultados demográficos apontam que 62,9% dos trabalhadores são do sexo feminino, tem idade média de 51,53±10,61 anos, 75,0% são casados, com predomínio da classe socioeconômica B2 e C1 (39,3% e 33,6%, respectivamente). No que se refere à organização do cotidiano 56,9% trabalham exclusivamente na agricultura, com tempo médio de atuação na área de 26,86±18,10 anos, com jornada de trabalho de 9,04±2,50 horas, tendo a maioria postura predominante de pé (77,7%). Sobre a prática de atividade física regular, 81,4% afirmam não praticar, também não incluindo a mesma nas atividades de lazer (63,6%), não praticando exercícios de força/resistência muscular e alongamentos (84,2% e 71,9%). Quanto aos indicadores de saúde 67,9% afirmam não fumar e 46,8% raramente ingerem bebidas alcoólicas, entretanto 35,3% conhecem e controlam sua pressão arterial e colesterol; 31,4% afirmam ser hipertensos, 21,4% obesos, e 42,9% possuem distúrbio de sono. A partir dos dados analisados, pode-se concluir que, apesar das características físicas do trabalho realizado pelos produtores rurais, os reduzidos índices referentes à prática de atividade física regular associados ao excesso de peso dos mesmos apontam a necessidade de maior atenção à saúde destes trabalhadores. Ao considerar que a obesidade e suas comorbidades possam ser decorrentes de fatores modificáveis pelo estilo de vida, tornam-se necessárias ações de promoção da saúde, além de incentivos no controle dos fatores de risco, principalmente, os modificáveis, como o sedentarismo, buscando melhorar a qualidade de vida destes trabalhadores.


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