INFLUÊNCIA DA VITAMINA C NA GLICAÇÃO DA HEMOGLOBINA E NO DANO DO DNA NO PRÉ-DIABETES E DIABETES TIPO 2: UM ENSAIO CLÍNICO CRUZADO RANDOMIZADO

Fernanda da Silva Pfeifer, Nathália Brenner, Luana Beatriz Limberger, Luiza Louzada Müller, Patrícia Molz, Silvia Isabel Rech Franke

Resumo


Evidências sugerem que a vitamina C pode atuar como regulador do transporte celular de glicose, reduzindo o risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2 (DM2) e o estresse oxidativo associado à doença. Indivíduos DM2 apresentam redução no nível sérico de vitamina C, bem como indivíduos com pré-diabetes (PD) ou DM2, em geral, ingerem menos vitamina C do que o recomendado para prevenir doenças crônicas. Tem-se demonstrado uma forte associação entre o marcador glicêmico, hemoglobina glicada (A1C) e DM2. O objetivo desse estudo foi verificar o efeito da vitamina C (intrínseca da dieta e suplementada em ensaio clínico cruzado randomizado) sobre a glicação da hemoglobina e danos no DNA em indivíduos com PD ou DM2. Participaram indivíduos com idades entre 30 e 59 anos, divididos em 3 grupos, conforme os critérios da American Diabetes Association: normoglicêmicos (controle), PD e DM2. Cada um desses 3 grupos foi subdividido em dois subgrupos aleatoriamente, em placebo ou vitamina C (120 mg/dia de vitamina C) por 180 dias (ao 90º dia de intervenção, os subgrupos foram trocados de tratamento). Foram avaliados a concentração sérica de vitamina C, a A1C e o dano no DNA pelo ensaio cometa, bem como o consumo de vitamina C pelo Recordatório de 24 horas, avaliados nos tempos 0, 90º e 180º dia. Os dados foram tabulados no programa Microsoft Excel e uma estatística descritiva foi realizada. A concentração de vitamina C sérica apresentou valores similares no tempo basal. Quando os indivíduos passaram a ser suplementados com vitamina C ou placebo, após 90 dias de suplementação, a concentração sérica de vitamina C aumentou nos grupos controle e DM2, suplementados com vitamina C, mas não no grupo PD. Após a inversão, dos tratamentos, todos os grupos que passaram a receber vitamina C, ao invés de placebo, apresentaram um aumento nos níveis séricos de vitamina C. Quanto aos níveis de A1C, os indivíduos no tempo basal já apresentavam valores diferentes, possivelmente devido à amplitude de A1C entre os grupos. Após o primeiro período de suplementação, os indivíduos do grupo controle apresentaram valores similares ao tempo basal, diferentemente do grupo PD, no qual ambos os tratamentos diminuíram as concentrações de A1C. No grupo DM2 o grupo que recebeu vitamina C apresentou redução nas concentrações de A1C, em relação ao tempo basal. Quanto ao índice de dano no DNA, após 90 dias de suplementação com vitamina C ou placebo, houve redução de danos nos grupos controle, PD e DM2. Após 180 dias, após a inversão dos tratamentos, houve uma redução no índice de danos no grupo controle e aumento nos grupos PD e DM2. Para compreender melhor os resultados, avaliamos também o consumo de vitamina C dos indivíduos no qual, no tempo de 90 dias foi possível perceber que a diferente ingestão de vitamina C entre os grupos que recebiam a suplementação de vitamina C ou placebo, tanto no controle como no PD, apresentaram valores similares, diferentemente do grupo DM2. Após 180 dias, quando os tratamentos foram cruzados, as diferenças entre o subgrupo placebo e o suplementado foi maior em todos os 3 grupos. Em conclusão, não houve aumento da vitamina C sérica nos indivíduos PD suplementados com vitamina C, pois os indivíduos que estavam recebendo o placebo, possivelmente estavam ingerindo frutas da época (inverno), ricas em vitamina C, o que, em parte pode ter mascarado os resultados, igualando-os a suplementação de vitamina C.  
Apoio: FAPERGS e Unisc


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