IMPLANTAÇÃO DA TÉCNICA DE CULTURA CELULAR NO LABORATÓRIO DE NUTRIÇÃO EXPERIMENTAL DA UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL: AVALIAÇÃO DE GENOTOXICIDADE EM LINFÓCITOS APÓS TRATAMENTO COM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE GLICOSE EM 24 HORAS
Resumo
A intensificação do consumo desenfreado de açúcares vem aumentando gradativamente nas últimas décadas. Por conseguinte, os níveis de glicose sérica podem elevar-se, levando a um estado de hiperglicemia, podendo levar ao Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM2). Segundo pesquisas dirigidas pela Organização Mundial da Saúde, estima-se que nos últimos 36 anos, o número de indivíduos que convivem com a doença quadruplicou. Pesquisas atuais sugerem a hiperglicemia como um dos fatores causadores de danos celulares e teciduais. O objetivo do presente estudo foi implantar a técnica de cultivo celular no Laboratório de Nutrição Experimental na Universidade de Santa Cruz. Para tal, um estudo piloto foi realizado para comparar a incidência de danos celulares em linfócitos humanos, antes e depois de serem tratados in vitro, com diferentes concentrações de glicose, em um período de 24 horas. Linfócitos humanos foram isolados, conforme o protocolo de Umegaki e Fenech (2000) e cultivadas com meio de cultura contendo soro bovino fetal, RPMI e DMEM, - este último possuindo glicose na sua composição. Após o cultivo, os linfócitos foram suplementados com glicose, nas concentrações de 7,0 mg/mL, 12,0 mg/mL e 22,0 mg/mL e não suplementado com glicose (grupo controle), por um período de 24 horas. Para detectar a genotoxicidade, bem como lesões pré-mutagênicas, realizou-se o teste de Ensaio Cometa, 24 horas após o tratamento com as diferentes doses de glicose, de acordo com o protocolo de Molz et al (2016). Pelo Ensaio Cometa, foi avaliado o índice de dano (ID) e a frequência de dano (FD) no DNA (FD). O ID é resultante da soma de células individuais e varia de 0 (100 células x grau de dano 0) a 400 (100 células x grau de dano 4, já a FD é uma porcentagem estabelecida através da relação entre o número de células com dano e o número total de células da amostra. Além disso, foi contabilizada a frequência de células com núcleos não detectáveis, que pode ser indício de apoptose. Os dados foram tabulados e analisados no programa Microsoft Excel®. Ao comparar as células não suplementadas (controle) às que receberam os diferentes tratamentos, observou-se uma relação dose-dano nas células, bem como um aumento no índice e frequência de dano conforme foi aumentando a dose de tratamento. Verificou-se também que a partir da dosagem de 12 mg/mL, houve uma maior frequência de células com núcleos não detectáveis. Conclui-se que o tratamento com glicose pode induzir a danos no DNA. A técnica de cultivo celular está sendo implantada no Laboratório de Nutrição Experimental da Universidade de Santa Cruz do Sul e pela primeira vez nesta Universidade. Dessa maneira, o experimento realizado poderá assessorar futuras pesquisas que visam empregar metodologias similares. A cultura celular é uma alternativa importante que permite a redução de experimentos com animais e humanos em pesquisas biomédicas.
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