IMPLANTAÇÃO DA TÉCNICA DE CULTURA CELULAR NO LABORATÓRIO DE NUTRIÇÃO EXPERIMENTAL DA UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL: AVALIAÇÃO DE GENOTOXICIDADE EM LINFÓCITOS APÓS TRATAMENTO COM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE GLICOSE EM 24 HORAS

Giulia Netto Löbler, Lucas Brixner, Diene da Silva Schlickmann, Michelle Lersch, Patrícia Molz, Silvia Isabel Rech Franke

Resumo


A intensificação do consumo desenfreado de açúcares vem aumentando gradativamente nas últimas décadas. Por conseguinte, os níveis de glicose sérica podem elevar-se, levando a um estado de hiperglicemia, podendo levar ao Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM2). Segundo pesquisas dirigidas pela Organização Mundial da Saúde, estima-se que nos últimos 36 anos, o número de indivíduos que convivem com a doença quadruplicou. Pesquisas atuais sugerem a hiperglicemia como um dos fatores causadores de danos celulares e teciduais. O objetivo do presente estudo foi implantar a técnica de cultivo celular no Laboratório de Nutrição Experimental na Universidade de Santa Cruz. Para tal, um estudo piloto foi realizado para comparar a incidência de danos celulares em linfócitos humanos, antes e depois de serem tratados in vitro, com diferentes concentrações de glicose, em um período de 24 horas. Linfócitos humanos foram isolados, conforme o protocolo de Umegaki e Fenech (2000) e cultivadas com meio de cultura contendo soro bovino fetal, RPMI e DMEM, - este último possuindo glicose na sua composição. Após o cultivo, os linfócitos foram suplementados com glicose, nas concentrações de 7,0 mg/mL, 12,0 mg/mL e 22,0 mg/mL e não suplementado com glicose (grupo controle), por um período de 24 horas. Para detectar a genotoxicidade, bem como lesões pré-mutagênicas, realizou-se o teste de Ensaio Cometa, 24 horas após o tratamento com as diferentes doses de glicose, de acordo com o protocolo de Molz et al (2016). Pelo Ensaio Cometa, foi avaliado o índice de dano (ID) e a frequência de dano (FD) no DNA (FD). O ID é resultante da soma de células individuais e varia de 0 (100 células x grau de dano 0) a 400 (100 células x grau de dano 4, já a FD é uma porcentagem estabelecida através da relação entre o número de células com dano e o número total de células da amostra. Além disso, foi contabilizada a frequência de células com núcleos não detectáveis, que pode ser indício de apoptose. Os dados foram tabulados e analisados no programa Microsoft Excel®. Ao comparar as células não suplementadas (controle) às que receberam os diferentes tratamentos, observou-se uma relação dose-dano nas células, bem como um aumento no índice e frequência de dano conforme foi aumentando a dose de tratamento. Verificou-se também que a partir da dosagem de 12 mg/mL, houve uma maior frequência de células com núcleos não detectáveis. Conclui-se que o tratamento com glicose pode induzir a danos no DNA. A técnica de cultivo celular está sendo implantada no Laboratório de Nutrição Experimental da Universidade de Santa Cruz do Sul e pela primeira vez nesta Universidade. Dessa maneira, o experimento realizado poderá assessorar futuras pesquisas que visam empregar metodologias similares. A cultura celular é uma alternativa importante que permite a redução de experimentos com animais e humanos em pesquisas biomédicas.

 

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