CONFLITOS EM PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO AMBIENTAL NA COMUNIDADE DO FACEBOOK “A CRISE DA ÁGUA EM SÃO PAULO”

Rodrigo Müller Marques, Marina Antunes Martini, Jane Márcia Mazzarino

Resumo


Com a disseminação de novas tecnologias de informação, o compartilhamento, a divulgação e exposição de opiniões dos sujeitos que têm acesso à internet ganham novas proporções, principalmente se analisar os processos de comunicação no ambiente das redes sociais. Entre 2013 e 2015 a crise hídrica paulista foi noticiada tanto nas mídias sociais quanto nas tradicionais. No Facebook foi criada, em setembro de 2014, a comunidade "A Crise da Água em São Paulo". Ao se caracterizar a comunidade, observou-se que alguns temas agendados no grupo eram geradores de conflitos. Questionou-se então quem agenda a comunidade, como se posicionam e como avaliam a crise da água, a quem dirigem suas críticas e atribuem responsabilidades, como se posicionam os membros e que soluções apontam para o problema hídrico. Deste modo traçou-se como objetivo de pesquisa identificar e analisar os conflitos que emergiram neste espaço de comunicação virtual, criado pela sociedade civil para discutir um tema de interesse público. O método de pesquisa consiste em um estudo exploratório e descritivo, quanti-qualitativo que faz uso de pesquisa documental e bibliográfica. A coleta de dados se deu desde a criação da comunidade em 10 de setembro de 2014, a 28 de fevereiro de 2015. O corpus da pesquisa é constituído por todos os posts que evidenciaram conflitos publicados neste período. No tratamento de dados identificou-se o post, data, tema e as lógicas ou dimensões ressaltadas nas postagens geradoras de conflito (social, econômica, política, etc.). Nesta etapa, emergiram três categorias de análise: agendamentos, reverberações, mapeamento e posicionamentos. Na categoria agendamentos constatou-se que a comunidade não foi agendada por um único ator/grupo social, perpassando desde as grandes mídias até autoria própria nas postagens. De modo geral, a quantificação aponta que opiniões, conhecimentos próprios e relatos de experiência dos membros do grupo lideraram as pautas que geraram debate na comunidade (155 aparições) sendo a mídia de massa o segundo grupo que mais pauta a comunidade, aparecendo 41 vezes. Observou-se na categoria reverberações variabilidade no volume de comentários, chegando ao máximo de 114 comentários. Os temas que mais geraram comentários tratavam sobre: sair ou não de SP; descompromisso de legisladores com a questão hídrica; qualidade da água (imprópria ou não para consumo); ineficiência do governo no tratamento e superação da crise; população alienada e despreocupada com a crise hídrica e o risco de doenças ligadas ao armazenamento da água. Em relação ao mapeamento e posicionamentos evidenciaram-se duas formas de conflitos: internos e externos. Quanto aos conflitos internos identificou-se: a importância da chuva no enfrentamento da estiagem, desconfiança dos dados postados por membros ou órgãos governamentais e pela mídia, e previsões de chuva. Os conflitos externos decorriam de posicionamentos em relação a gestores das autarquias e empresas relacionadas à água, a políticos, à mídia, e à população, considerada descompromissada com a questão hídrica. 


Apontamentos

  • Não há apontamentos.