PROCESSOS DE MIDIATIZAÇÃO DA CRISE DA ÁGUA EM SÃO PAULO EM SITES DE ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS E DA SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA

Sabrina Thais Petter, Jane Márcia Mazzarino, Luciana Turatti

Resumo


O campo midiático diversifica-se com as novas tecnologias de comunicação, possibilitando aos diferentes setores e organizações sociais manterem suas próprias mídias para viabilizar um canal direto de informação com o cidadão, superando as limitações impostas pelos enquadramentos dos profissionais de mídia (MAZZARINO, 2013). Organizações socioambientais passam a construir seus próprios espaços para tratar dos problemas ambientais, entre eles a crise hídrica vivida pelo estado de São Paulo, que vem sendo agendada pelas organizações ambientais e de água. O objetivo dessa pesquisa é investigar os processos de midiatização da crise da água do Sistema Cantareira em São Paulo por organizações públicas e da sociedade civil organizada, por meio de seus sites de notícias, a fim de analisar e comparar os modos de enquadramento deste problema ambiental. Foram verificadas as frequências e as fontes utilizadas nas notícias, assim como seus posicionamentos, caracterizadas as estratégias de midiatização e os discursos prevalecentes. Trata-se de um estudo quanti-qualitativo de corte bibliográfico e documental, no qual foram selecionadas dez organizações, seis delas da sociedade civil organizada: Greenpeace Brasil, WWF-Brasil, Instituto Socioambiental (ISA), SOS Mata Atlântica, Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRH), Rede Brasil de Organismos de Bacias (Rebob); e quatro organizações públicas: Comitê de Bacia Hidrográfica Piracicaba, Capivari e Jundiaí (Comitê PCJ), Comitê de Bacia Hidrográfica Alto Tietê, Agência Nacional de Águas (ANA) e Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Foram selecionadas todas as notícias veiculadas nos sites das dez organizações ao longo de 2014 a partir das palavras-chave "Sistema Cantareira" e "Crise da Água". Analisou-se o discurso destas organizações, exceto do Comitê Alto Tietê, através de 18 perguntas iniciais. A partir destas pode-se identificar os principais aspectos das informações disponibilizadas (posicionamento, fontes autorizadas, critérios de noticiabilidade, imagens e texto, enquadramento do problema, atores apontados como envolvidos, propostas de soluções, tom da notícia, etc.).  O Comitê Alto Tietê constrói seu processo de midiatização da crise da água em São Paulo repassando notícias de outras organizações. Consideramos importante a análise destas notícias repassadas, entretanto, devido ao grande volume (1512) optou-se por fazer a análise do conteúdo que se restringiu a verificação da fonte da notícia, seu título e subtítulo. Estas notícias foram enquadradas em 1803 tipos de informes conforme os elementos que destacam sendo sintetizadas em quinze categorias como quantidade, gestão, economia, usos, conflitos, perspectiva futura, etc. Identificou-se dentre os 196 veículos que tiveram suas manchetes repassadas, que os mais citados pelo comitê foram O Estadão, Folha de São Paulo, Jornal DCI, Correio Popular.

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