O presente trabalho visa a desenvolver uma pesquisa acerca do sentido que adquire a palavra "coisa" quando contextualizada em um discurso. Ao observar cotidianamente o emprego de "coisa" de forma diversificada e servindo como palavra útil em diversas situações, tanto em discursos orais quanto escritos, percebemos a necessidade de investigar esse fenômeno linguístico da atualização de sentido, bem como da formação de novas palavras, pelo acréscimo de afixos e desinências. O estudo é baseado na Teoria da Argumentação na Língua (TAL), desenvolvida por Oswald Ducrot e colaboradores. Com o pressuposto afirmado pela TAL de que o sentido é construído no uso e nas relações linguísticas do próprio discurso, buscamos aplicar esse referencial teórico para a análise do material selecionado, visto que é também na relação intradiscursiva que as palavras adquirem sentido. O projeto tem por fim identificar o sentido adquirido pela palavra "coisa" em situações discursivas diversas e também apontar em qual classe gramatical a palavra "coisa" se enquadra de acordo com o contexto linguístico em que aparece. Visa, ainda, analisar os processos de flexão e derivação ligados à palavra "coisa", bem como averiguar se há uma correlação entre o sentido adquirido por ela e a classe gramatical na qual é enquadrada em cada contexto discursivo. A metodologia adotada é qualitativa, pois nos interessa que os exemplos sejam diversos e que o corpus seja relevante para análise. Assim sendo, os textos provêm tanto de materiais impressos quanto de publicações eletrônicas. A pesquisa ainda está em andamento, logo, resultados conclusivos não serão apontados. Esperamos que, a partir da análise do corpus, atual momento da pesquisa, possamos elencar os sentidos adquiridos pela palavra "coisa" nos diferentes contextos discursivos, bem como categorizá-la de acordo com seu uso e apresentar a possível relação entre o sentido construído no discurso e os processos linguísticos aos quais está ligada. Em hipótese, prevemos que a palavra "coisa" serve como substituta a termos mais específicos, em lugar de palavras de classes nominais cujo uso poderia ser explicado pelo fato de o termo assimilar-se a um signo genérico passível de adquirir noções particulares a cada novo discurso. Desse modo, dá-se a sua atualização semântica influenciada também pelas palavras que a circundam; outro fator de ressignificação estaria na possibilidade de o termo sofrer processos de flexão ou derivação. Através desse estudo, buscamos compreender melhor o uso da língua e quão diversas são as possibilidades de fazer dela instrumento útil e servil às necessidades comunicativas, suscitando, desse modo, novos questionamentos.