PEQUENOS ATOS PODEM FAZER MUITA DIFERENÇA NA SOCIEDADE: CAMPANHAS SOBRE INCLUSÃO NO JORNAL ZERO HORA

Amanda Cappellari, Bruno Corralo Granata, Caroline da Rosa Couto, Betina Hillesheim

Resumo


Diante da expressiva proliferação dos discursos sobre inclusão a partir dos anos 80/90, e compreendendo a mídia como um dispositivo pedagógico que visa a educar os sujeitos e delimitar os modos mais adequados de ser e estar no mundo, somos constantemente incitados/as a pertencer à lógica da inclusão, sendo também agentes dela: incluir é dever de todos/as! Este trabalho é parte integrante da pesquisa Inclusão e mídia: uma análise do jornal Zero Hora, a qual busca investigar quais são os significados fixados pela mídia impressa a respeito da inclusão e problematizar como os diferentes discursos sobre inclusão que circulam nessa mídia transformam-se em estratégias de governamento da população, tomando a inclusão como um imperativo. A escolha pelo Zero Hora foi motivada por esse ser o jornal de maior circulação diária no estado do Rio Grande do Sul.  Objetiva-se, aqui, apresentar as discussões realizadas acerca do entrelaçamento entre as campanhas veiculadas pelo jornal Zero Hora e inclusão. Para tanto, durante os meses de março a dezembro de 2015, foram selecionadas as matérias do ZH que mencionavam campanhas em seu conteúdo. A produção de dados deu-se através da leitura diária do caderno principal do referido jornal, exceto nas edições de final de semana. Durante esses dez meses de produção de dados, 30 reportagens envolvendo campanhas estavam presentes no ZH. Dentre as campanhas veiculadas pelo jornal, seis reportagens versam sobre a necessidade de ações que diminuam as desigualdades de gênero e etnia (Chutando o preconceito; Mais mulheres na política; Futebol contra o racismo na Europa), treze afirmam a caridade como uma prática inclusiva, propondo redes de doações ou atividades específicas que tenham por objetivo arrecadar donativos para entidades ou causas (Natalenço; Muros da gentileza; Bolsa de valores), seis incentivam ações que visibilizem preconceitos (#primeiroassedio; #ILookAnEngineer) e duas a criar redes de proteção (Vamos juntas?). Além dessas, há duas reportagens com campanhas sobre HIV/AIDS e uma sobre a inclusão de imigrantes. Desse modo, ao se analisar o público para o qual essas campanhas foram pensadas, veremos que os sujeitos passíveis de inclusão são: negros/as, mulheres, mulheres encarceradas, homossexuais, moradores/as de rua, pessoas com deficiência ou com doenças como câncer e AIDS, pobres, imigrantes e refugiados. A inclusão torna-se possível através da solidariedade dos sujeitos e da participação ativa dos cidadãos, onde todos/as são responsabilizados e convidados (convocados) a construírem uma sociedade mais justa, igualitária e inclusiva. Percebe-se nas campanhas analisadas, portanto, um reconhecimento das diferenças, no qual, através do pressuposto de que pequenos atos podem fazer muita diferença na sociedade, todos/as e cada um/a devem trabalhar no sentido de possibilitar a inclusão.

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