A RELAÇÃO LEITURA E MEMÓRIA
Resumo
O presente estudo integra o projeto de pesquisa "A aprendizagem da leitura e seus efeitos sobre a linguagem e a cognição", coordenado pela Prof.ª Dr.ª Rosângela Gabriel, o qual tem como objetivo investigar como a aprendizagem da leitura influencia os sistemas de memória, em especial a memória de trabalho e demais funções cognitivas. A leitura envolve a memória visual, verbal, auditiva e ainda, a memória de imagens, assim, a leitura e a memória são processos inter-relacionados, uma propondo a aquisição de novos conhecimentos e outra a retenção dos conhecimentos aprendidos. A partir da leitura temos contato com um grande número de informações, ela impulsiona o conhecimento lexical e um conhecimento lexical ampliado tende a proporcionar uma melhor compreensão textual, independente da área de conhecimento. Por ser uma invenção cultural, a língua escrita precisa ser aprendida através da alfabetização, se tornando diferente da linguagem oral. A primeira distinção que precisa ser explicitada diz respeito à necessidade de transformar os sinais gráficos em fonemas, ou letras em som, para, a partir disso, acessar os domínios compartilhados com a linguagem oral. Essa aprendizagem faz com que ocorra uma reconfiguração cerebral, os olhos e o lobo occipital são treinados para reconhecer o que antes era apenas som, na forma de estímulo visual. A memória de trabalho é um componente indispensável na aprendizagem desse código, pois é um sistema que além de armazenar informações de forma temporária, manipula e processa essas informações interagindo com a memória de longo prazo, permitindo que as pessoas executem tarefas de raciocínio, aprendizagem e compreensão. Segundo Baddeley, esse sistema é composto por um executivo central e por dois sistemas subordinados, a alça fonológica (phonological loop) e o esboço visuoespacial (visuo-spatial sketchpad), sendo o primeiro responsável pelo armazenamento temporário de informação verbal, e o segundo pelo armazenamento temporário de informação visuo-espacial. O presente trabalho busca verificar se há diferenças no processamento e armazenamento da informação por alguém que tenha aprendido a ler em oposição a alguém que não tenha aprendido a ler. Se a leitura realmente modifica a memória, buscamos perceber em que aspectos podem aparecer as diferenças. A pesquisa tem como participantes adultos iletrados e ex-iletrados, alunos de um programa de alfabetização para adultos no Vale do Rio Pardo. Foram planejados em torno de 10 testes para caracterização dos participantes quanto aos seus conhecimentos sobre leitura e investigação de diferentes aspectos da memória, dentre eles: conhecimento o alfabeto; leitura de palavras e pseudopalavras e teste de memória visuo-espacial (Corsi block tapping test). Os testes ainda estão sendo realizados. Assim, ainda não temos conclusões que consigam responder a nossa proposta de pesquisa. A hipótese com a qual trabalhamos é que haja modificação do sistema de memórias decorrente da alfabetização, uma vez que, conforme a literatura consultada, a leitura faz com que várias regiões cerebrais sejam recrutadas ao longo do processo de decodificação e construção de sentido.
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