AUTONARRATIVAS EM FAMÍLIA: A ANÁLISE DAS ESTUDANTES SOBRE O SOFRIMENTO SOCIAL DE MÃES DE CRIANÇAS AUTISTAS

Isadora Funari Azambuja da Cunha, Maira Meira Pinto

Resumo


O presente estudo realizado com mães de crianças com TEA - Transtorno do Espectro Autista, o qual se vincula ao projeto de pesquisa do GAIA - Grupo de Ações Investigativas Autopoieticas. Buscou-se como base para essa pesquisa seguir os fundamentos epistemológicos do MAO - Movimento da Auto-Organização Oliveira (1999). Ao seguir esses pilares do Paradigma da Complexidade, promovemos o autoconhecimento, bem como na compreensão mudança de vida das mães dessas crianças gerando aprendizagens diferenciadas. O fluxo metodológico qualitativo foi balizador desta pesquisa e o método utilizado foi a narrativa coletiva e autonarrativa individual (gravação dos encontros presenciais - coletivos/individuais e diários de bordo das bolsistas), como propulsores para as intervenções que buscaram operar e produzir sentidos a partir das conversações formais e informais nos encontros presenciais, valorizando uma dimensão inseparável do conhecer dos sujeitos observados. Esse trabalho foi desenvolvido em encontros quinzenais. No primeiro momento foram três encontros grupais e depois seguiu-se em atendimento individual com duas mulheres, mães de crianças autistas, de faixa etária de cerca de 30 anos. Uma residente no município de Santa Cruz do Sul e outra no município de Vera Cruz, as quais tem seus filhos vinculados ao projeto iPad. Nesse contexto, nos propomos a pensar a maternidade na sua relação com a teoria da biologia do conhecer de Maturana e Varela na qual "Todo o fazer é um conhecer. Todo o conhecer é um fazer" (MATURANA; VARELA, 2004, p. 81). Objetivou-se observar o processo de complexificação dos sujeitos por meio da autopoieses - seres vivos enquanto produtores de si mesmos, capazes de organizarem-se enquanto sistema vivo por meio da autonomia. As pesquisadoras se utilizaram de gravações e degravações para posteriormente analisar o trabalho desenvolvido nos encontros. O viés do trabalho exercido trata-se, também, de auxiliar nos sentimentos evidenciados e identificados pelas bolsistas diante dos relatos das mães. Por fim, observou-se a partir da análise das degravações que o sofrimento social faz parte do cotidiano das mulheres, e o trabalho empreendido vem se dando no sentido de significar este sofrimento com vistas a superá-lo através da auto-organização e do auto-conhecimento. As aceitações desses fatos ficam retraídas internamente, de formas diferentes em cada uma delas, mas que tem a mesma finalidade, desvendar os percursos que cada uma delas enfrentam no processo de fazer-se mãe e mulher.

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