MOVIMENTO DE CULTURA E EDUCAÇÃO POPULAR NO BRASIL: RELAÇÕES COM A CLANDESTINIDADE

Ângela Cristine Schulz, Éder da Silva Silveira, Cheron Zanini Moretti

Resumo


O presente trabalho é um desdobramento entre os projetos de pesquisa Educação Clandestina e Traição: uma história da educação dos comunistas no Brasil da Guerra Fria e Educação Popular e Pesquisa Ação-Participante: respostas descoloniais no contexto de transmodernidade na América Latina desenvolvidos na Universidade de Santa Cruz do Sul. Dentre os movimentos sociais constituídos/difundidos no início dos anos 60, os Círculos de Cultura são o símbolo mais adequado à lembrança das experiências de cultura e educação popular realizados no Brasil e na América Latina (BRANDÃO, 2008). Esses, não formaram somente um movimento, mas também um método de alfabetização desenvolvido por Paulo Freire e experienciados por tantos educadores/as e educandos/as. Assim, com o golpe e instauração da Ditadura Militar no Brasil, os círculos foram colocados na ilegalidade e, muitas vezes, tiveram que ocorrer de forma clandestina, principalmente, no que se tem registro no Rio Grande do Sul e em algumas partes do país. De acordo com esta perspectiva, o principal objetivo deste trabalho é o de identificar e compreender as relações entre os movimentos de cultura e educação popular e a clandestinidade através da proposta dos Círculos de Cultura nesse período de fechamento democrático em nosso país. A metodologia utilizada está sustentada na análise das obras Educação como Prática da Liberdade (FREIRE, 1959, 1967) e Pedagogia do Oprimido (FREIRE, 1968, 1970), que foram escritas durante o período em que Freire estava na condição de exilado no Chile. Também foi utilizada como fonte de pesquisa parte do riquíssimo arquivo pessoal do professor Balduíno Andreola, através de seu relatório de pesquisa: O Instituto de Cultura Popular no Rio Grande do Sul: História, Influências e Desdobramentos (1995), que oferece um dossiê sobre o Instituto de Cultura Popular do Rio Grande do Sul fundado à luz da pedagogia de Paulo Freire e da filosofia de Ernani Maria Fiori. Desta forma, tendo como base o exercício crítico de análise do material de pesquisa, entende-se que esta cultura popular vai se concretizar através da luta das classes populares contra a opressão, contra a "cultura do silêncio" e a favor de uma transformação social, de uma educação popular para a conscientização, por meio da ação cultural para a liberdade. Contudo, a síntese dessa educação, interseccionada pelos Círculos de Cultura e contingenciados pelas circunstâncias da clandestinidade, buscavam uma alfabetização conscientizadora para a libertação e suas relações são identificadas e compreendidas através das dimensões: política, conscientizadora-crítica e libertadora.

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