A CONSTRUÇÃO E A COMPREENSÃO DE SENTIDO EM DISCURSOS POR CRIANÇAS ENTRE 10 E 12 ANOS

Resumo

Conforme avançamos em nosso desenvolvimento cognitivo, vamos adquirindo a linguagem, descobrindo-a diariamente, primeiro dominando palavras que dão nomes às coisas e, depois, as articulando com conectores e outros termos, em frases e orações mais complexas. Então, vamos ampliando nosso vocabulário e agregando mecanismos ao nosso principal meio de comunicação. Tem-se em vista que a compreensão da palavra é crucial para esse processo, pois, como afirma Oswald Ducrot (1990, p. 51), na Teoria da Argumentação da Língua, que embasa essa pesquisa, "o valor argumentativo de uma palavra é por definição a orientação que essa palavra dá ao discurso". Portanto, compreender a palavra e as possibilidades que ela delimita ao discurso e que este delimita a ela é essencial para o entendimento do próprio discurso e para nos tornarmos mais conscientes com relação à linguagem, ao seu uso, além de mais conhecedores desses processos de construção de sentido pelas palavras e pelos enunciados. Considerando esses fatores e sabendo que este é um processo delicado, que requer atenção, a presente pesquisa se dispõe a observar a relação de crianças com a construção de sentido das palavras, pretendendo: identificar quais critérios são mais utilizados pelas crianças na atribuição de sentido a discursos; observar os principais tipos de construção de sentido elaborados por elas e estabelecer parâmetros entre referenciais teóricos e a vivência de sala de aula. Para tal, selecionamos alunos com idade entre 10 e 12 anos e que estão no 5º, 6º e 7º ano do Ensino Fundamental, por esse ser o período anterior, de transição e posterior ao encontro dos alunos com os professores específicos da área das linguagens. Como procedimentos metodológicos, foram realizados estudos teóricos e construção do corpus a partir do qual houve a elaboração de uma aula introdutória e de um teste, os quais foram realizados com alunos da faixa etária selecionada e que, posteriormente, terão seus resultados analisados a fim de encontrar respostas para os objetivos delimitados. Neste específico momento da pesquisa, estão se realizando os procedimentos com os alunos e se iniciando o processo de análise, portanto, de modo preliminar, podemos constatar a existência de um olhar crítico dos alunos com relação ao sentido das palavras e das suas diversas possibilidades de significação. Identificamos fatores a serem avaliados, como a diferença de idade, a diferença entre o argumento oral e o escrito e da própria interpretação quando oral e quando escrita. Pelo fato de a pesquisa ainda estar em andamento, não temos conclusões mais específicas e detalhadas, mas esperamos observar, através dessas atividades, como os alunos pensam a construção de sentido, analisando suas respostas objetivas e a sua argumentação acerca delas e, portanto, suscitar reflexões sobre a própria linguagem. Realizar essa pesquisa de campo nos apresenta, no mínimo, duas perspectivas: uma presente, ao levar o trabalho acadêmico até a escola, motivando os alunos na busca do conhecimento, e uma perspectiva mais futura, que se projeta nos conhecimentos que podem agregar àqueles docentes que tiverem acesso às conclusões deste trabalho. Assim, reafirmamos no âmbito escolar, a tarefa de que, enquanto professores e cidadãos, busquemos contribuir para o fortalecimento da prática de sala de aula e para a formação de leitores e escritores com um olhar mais crítico.