As mandarinas são frutos que pertencem ao gênero Citrus e são as culturas mais abundantes no mundo. A industrialização das mandarinas visando à obtenção de óleos essenciais e outros subprodutos gera uma elevada quantidade de resíduos sólidos. O resíduo composto por polpa, cascas e sementes é usado principalmente para a produção de fertilizantes e rações animais, porém pode também ser dispostos no ambiente gerando impactos negativos à natureza.  Os resíduos contêm elevados teores de nutrientes, com destaque para os carboidratos solúveis e insolúveis que podem ser utilizados como substrato por diferentes micro-organismos em processos fermentativos, com a consequente síntese de bioprodutos. Sendo assim, o principal objetivo deste estudo foi avaliar o potencial de uso do resíduo de mandarinas orgânicas verdes (Citrus reticulata) como substrato para o crescimento vegetativo de Agaricus bisporus, por cultivo em fase líquida (CFL) e por cultivo em fase sólida (CFS) visando à obtenção de biomassa fúngica. Para o CFL, cinco discos de micélio fúngico (5 mm) foram removidos de placas de Ágar Batata Dextrose (BDA) que haviam sido incubadas por 7 dias a 28ºC, e transferidos para frascos de erlenmeyer contendo 50 mL de caldo nutriente estéril ao qual se acrescentou 50 mL do extrato líquido do resíduo das mandarinas orgânicas verdes oriundas do processo de raleio para a obtenção industrial de óleo essencial. O meio de fermentação foi incubado sob agitação constante a 150 rpm, com variáveis fixas de 4, 8 e 12 dias, temperaturas de 23, 28 e 33ºC e pH de 4,5, 6,0 e 7,5. Para o CFS a cepa de A. bisporus foi semeada em placas de Petri contendo o resíduo triturado das mandarinas com o pH ajustado para 4,5. Também foi conduzido um experimento sem ajuste do pH do substrato (pH inicial de 3,2). O material foi então esterilizado a 121ºC, 1 atm durante 20 minutos e após o resfriamento à temperatura ambiente, foi realizada a inoculação de um disco de 8 mm da cultura pura de A. bisporus em placas de BDA que foram então incubadas a 28ºC durante 7 dias. Para o CFL as maiores produções de biomassa fúngica foram obtidas com 8 dias de fermentação, pH 6 e temperatura de 28ºC; o maior valor de biomassa encontrado foi de 47,06 g.L-1 e o menor foi de 3,85 g.L-1. Para o CFS verificou-se que nos valores de pH inferiores a 3,0 não houve desenvolvimento do fungo, porém, onde o pH estava ajustado em 4,5 o crescimento do micélio foi mais rápido. Com este estudo, pode-se concluir que a utilização do extrato líquido do resíduo de mandarina verde (Citrus reticulata) no CFL demonstrou ser uma excelente fonte de carbono na produção de biomassa fúngica, obtendo-se o valor máximo de 47,06 g.L-1. No CFS foi possível observar o desenvolvimento do fungo Agaricus bisporus em resíduos sólidos triturados de mandarina verde, com ajuste de pH, sem haver a necessidade de acréscimo adicional de nutrientes ao meio de fermentação. Deste modo, este estudo obteve resultados relevantes para a área da Tecnologia Ambiental, pois mostrou que o resíduo das mandarinas pode servir como fonte de nutrientes para a realização de processos fermentativos com a consequente redução do impacto gerado pelo seu acúmulo no ambiente.