RELAÇÃO TEMPO DE TELA E APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA: ASSOCIAÇÃO COM PRESSÃO ARTERIAL ALTERADA EM ESCOLARES

Ana Paula Sehn, Cézane Priscila Reuter, Miria Suzana Burgos, Leandro Tibiriçá Burgos

Resumo


Nos últimos anos ocorreu um aumento nos casos de hipertensão arterial e obesidade em crianças e adolescentes. Sabe-se que hábitos sedentários, como o tempo elevado em frente às telas, bem como baixos níveis de aptidão cardiorrespiratória (APCR), estão associados com alteração na pressão arterial. No entanto, a avaliação destas variáveis, de forma agrupada tempo de tela/aptidão cardiorrespiratória (TT/APCR) ainda é pouco explorada, em especial na população infanto-juvenil. Este estudo tem por objetivo verificar se a relação TT e APCR está associada com a presença de alteração na pressão arterial (PA), em crianças e adolescentes. São sujeitos do estudo 2139 crianças e adolescentes, sendo 1203 do sexo feminino, na faixa etária de 6 a 17 anos, pertencentes a escolas do município de Santa Cruz do Sul-RS. Foi aplicado um questionário com questões referentes ao estilo de vida, saúde e bem-estar, para verificação do TT (computador, videogame e TV), que foi computado em horas e classificado conforme as referências propostas pela Academia Americana de Pediatria, considerando como elevado TT  (= 2 horas diárias) em frente à tela e baixo TT (< 2 horas diárias), em frente à tela. Para avaliação da PA, foi utilizada a classificação de acordo com as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Foi considerada PA alterada os casos limítrofes e hipertensão. A APCR foi avaliada e classificada conforme os protocolos do Projeto Esporte Brasil (PROESP-BR). Foi utilizada a estatística descritiva, por meio da frequência e percentual, para caracterizar os sujeitos, sendo aplicada a regressão de Poisson para obtenção dos valores de razão de prevalência (RP) e intervalos de confiança (IC), na relação da variável preditora (relação TT/APCR) com o desfecho (pressão arterial alterada). Todas as análises foram realizadas no programa estatístico SPSS v. 23.0, considerando um nível de significância de p<0,05. Observa-se que 29,4% dos indivíduos possuem baixo TT e bons níveis de APCR, enquanto 17,7% apresentam elevado TT e bons níveis de APCR. Já, 28,1% dos escolares demonstram baixo TT e baixos níveis de APCR e 24,8% apresentam elevado TT e baixos níveis de APCR. Em relação à Pressão Arterial (PA), 18,7% dos indivíduos estiveram com a PAS alterada e 15,4% com PAD alterada. A associação entre PA alterada e a relação TT/APCR somente foi evidenciada para PAS entre as meninas. Nesse sentido, observou-se que a alteração na PAS é mais prevalente entre os escolares com baixo TT/inapto (RP: 1,07; p=0,008) e com elevado TT/inapto (RP: 1,06; p=0,029). Pode-se concluir que meninas com baixos níveis de APCR, independente do TT, apresentam maior prevalência de PAS alterada.


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