RELAÇÃO TEMPO DE TELA E APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA: ASSOCIAÇÃO COM PRESSÃO ARTERIAL ALTERADA EM ESCOLARES
Resumo
Nos últimos anos ocorreu um aumento nos casos de hipertensão arterial e obesidade em crianças e adolescentes. Sabe-se que hábitos sedentários, como o tempo elevado em frente às telas, bem como baixos níveis de aptidão cardiorrespiratória (APCR), estão associados com alteração na pressão arterial. No entanto, a avaliação destas variáveis, de forma agrupada tempo de tela/aptidão cardiorrespiratória (TT/APCR) ainda é pouco explorada, em especial na população infanto-juvenil. Este estudo tem por objetivo verificar se a relação TT e APCR está associada com a presença de alteração na pressão arterial (PA), em crianças e adolescentes. São sujeitos do estudo 2139 crianças e adolescentes, sendo 1203 do sexo feminino, na faixa etária de 6 a 17 anos, pertencentes a escolas do município de Santa Cruz do Sul-RS. Foi aplicado um questionário com questões referentes ao estilo de vida, saúde e bem-estar, para verificação do TT (computador, videogame e TV), que foi computado em horas e classificado conforme as referências propostas pela Academia Americana de Pediatria, considerando como elevado TT (= 2 horas diárias) em frente à tela e baixo TT (< 2 horas diárias), em frente à tela. Para avaliação da PA, foi utilizada a classificação de acordo com as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Foi considerada PA alterada os casos limítrofes e hipertensão. A APCR foi avaliada e classificada conforme os protocolos do Projeto Esporte Brasil (PROESP-BR). Foi utilizada a estatística descritiva, por meio da frequência e percentual, para caracterizar os sujeitos, sendo aplicada a regressão de Poisson para obtenção dos valores de razão de prevalência (RP) e intervalos de confiança (IC), na relação da variável preditora (relação TT/APCR) com o desfecho (pressão arterial alterada). Todas as análises foram realizadas no programa estatístico SPSS v. 23.0, considerando um nível de significância de p<0,05. Observa-se que 29,4% dos indivíduos possuem baixo TT e bons níveis de APCR, enquanto 17,7% apresentam elevado TT e bons níveis de APCR. Já, 28,1% dos escolares demonstram baixo TT e baixos níveis de APCR e 24,8% apresentam elevado TT e baixos níveis de APCR. Em relação à Pressão Arterial (PA), 18,7% dos indivíduos estiveram com a PAS alterada e 15,4% com PAD alterada. A associação entre PA alterada e a relação TT/APCR somente foi evidenciada para PAS entre as meninas. Nesse sentido, observou-se que a alteração na PAS é mais prevalente entre os escolares com baixo TT/inapto (RP: 1,07; p=0,008) e com elevado TT/inapto (RP: 1,06; p=0,029). Pode-se concluir que meninas com baixos níveis de APCR, independente do TT, apresentam maior prevalência de PAS alterada.
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