MULTIPLICAÇÃO DE HABROBRACON HEBETOR EM LABORATÓRIO PARA LIBERAÇÕES INUNDATIVAS EM AMBIENTES DE TABACO ARMAZENADO

Evelin Karoline Goncalves da Rosa, Cleder Pezzini, Andreas Köhler

Resumo


Uma das formas de minimizar o uso de agrotóxicos é a utilização de inimigos naturais como Habrobracon hebetor (Say, 1836) (Hymenoptera: Braconidae) que é um ectoparasitoide larval de várias espécies de lepidópteros de Pyralidae, entre elas Ephestia spp., que ataca produtos armazenados, como o tabaco seco. O sucesso do controle biológico com parasitoides, no entanto, depende da sua criação e multiplicação em laboratório de forma adequada e satisfatória, para que não ocorra descrença dessa técnica quando aplicada à campo. Portanto, este trabalho teve como objetivo evidenciar a produção e multiplicação de H. hebetor para liberações inundativas em ambientes de tabaco armazenado no produtor e indústria. As criações estoque do parasitoide H. hebetor e de seu hospedeiro E. kuehniella são mantidas em salas climatizadas e câmaras incubadoras com temperatura de 28 ± 2°C, umidade relativa do ar (UR) de 50 ± 20% e fotofase de 12 horas, situadas no Laboratório de Entomologia da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). Ephestia kuehniella é mantida em dieta artificial constituída de farinha de trigo (97%) e levedura de cerveja (3%), sendo parte da criação destinada à sua manutenção e outra reservada para a criação e multiplicação do parasitoide que será liberado em campo. Após 2 anos e meio da implantação da criação, já foram produzidas 27 gerações de E. kuehniella, tendo em vista que a média foi de 10 gerações ao ano, e inúmeras gerações de H. hebetor. As liberações dos parasitoide em campo foram feitas durante duas safras de tabaco (2015-2016 e 2016-2017), em parceria com quatro empresas do setor fumageiro. No decorrer do primeiro ano foram realizadas duas liberações em 37 galpões/paióis de produtores de tabaco, totalizando aproximadamente 35 mil parasitoides liberados. No ambiente de armazenagem dentro de duas empresas foram quatro liberações em cada, perfazendo em torno de 98 mil parasitoides. No segundo ano, com aprimoramento das técnicas de multiplicação e liberação, foram definidas quatro liberações ao longo da safra em 20 produtores de tabaco, totalizando 190 mil parasitoides. Já em duas indústrias, dentro dos armazéns de recebimento, foram cinco liberações massais em ambas, com cerca de 200 mil parasitoides ao total. Com isso, durantes as duas safras, foram liberadas um somatório de mais de 500 mil vespas parasitoides produzidas junto a criação do Laboratório de Entomologia da UNISC. Este trabalho mostra que as técnicas de criação e multiplicação do hospedeiro e parasitoide são viáveis e que há capacidade de crescer e atender um número maior de produtores e empresas do setor fumageiro, pois a liberação desses inimigos naturais tem se mostrado uma ferramenta eficiente no controle biológico de Ephestia spp. em ambientes de tabaco armazenado em nível de produtor e indústria. 

Apontamentos

  • Não há apontamentos.