RESULTADOS PRELIMINARES NO INVENTÁRIO E ELETROFISIOLOGIA DE GYMNOTIFORMES DO VALE DO RIO PARDO E DO TAQUARI

Samuel Augusto da Silva, Paulo Francisco Kuester, Karl Heinz Esser, Andreas Kohler

Resumo


As bacias hidrográficas dos rios Pardo e Taquari abrangem 17.998,4 km², cerca de 6% do território estadual do Rio Grande do Sul. Estas duas bacias se enquadram entre as principais bacias hidrográficas da região central deste estado, nos quais o conhecimento sobre os peixes Gymnotiformes ainda é muito escasso. Desde 2015 estão sendo realizadas pesquisas sobre as espécies de Gymnotiformes nas duas bacias hidrográficas, sendo que em 2016-2017 foi realizado um inventário de campo. O presente estudo tem como principal objetivo inventariar e caracterizar taxonomicamente e eletrofisiológicamente a fauna de peixes de baixo campo elétrico, bem como analisar as preferências ambientais das espécies frente ao seu habitat. Ao todo foram realizados nesta etapa levantamentos em 12 campanhas, 16 pontos amostrais diferentes e em 10 arroios distintos da região. Para localização dos espécimes na natureza foi usado um Fishfinder, e a coleta, quando localizadas as espécies alvo, se deu com uso de puçás. Os indivíduos eram conduzidos vivos ao laboratório, para registro dos seus impulsos elétricos, e posteriores analises dos sinais digitais em forma de ondas específicas de cada espécie. Uma vez coletadas todas as medidas eletrofisiológicas dos espécimes, estes eram então eutanásiados, para futuras aferições biométricas, taxonomicamente essenciais. No total foram capturados 40 indivíduos de peixes de baixo campo elétrico em campo. Já com seus sinais devidamente identificados no laboratório, foi possível obter uma distinção de cinco espécies de Gymnotiformes, distribuídas em três gêneros. A espécie Gymnotus carapo apresentou maior número de indivíduos (29), seguida por Eigenmannia trilineata (4), Gymnotus omarorum e Brachyhypopomus bombilla (3) e Brachyhypopomus gauderio (1). A diferença referente aos sinais obtidos se deu pela amplitude, frequência e intensidade dos componentes individuais do sinal, frequentemente com 3-5 fases, sendo estas fases medidas e analisadas comparativamente. Os resultados obtidos com este estudo mostraram que as espécies possuem preferência por arroios de porte mediano, de vazão de água nem muito lêntica, nem muito acelerada, que possuam vegetação ciliar arbórea, e barrancas de terra com abrigos naturais, como raízes e pedras. A importância deste trabalho se justifica pela falta de informações ecológicas, uma vez que as pesquisas de campo, tidas como básicas, envolvendo taxonomia de espécies, distribuição geográfica e inventários são essenciais para as futuras tomadas de decisões de ações conservacionistas, quando estas se fazem pertinentes.

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