O SEXO DETERMINA DIFERENÇA NA FUNÇÃO PULMONAR DE ESCOLARES COM SOBREPESO E OBESIDADE SUBMETIDOS A UM PROGRAMA DE INTERVENÇÃO INTERDISCIPLINAR?

Litiele Evelin Wagner, Marciele Silveira Hopp, Michele Saldanha, Barbara da Costa Flores, Miria Suzana Burgos, Dulciane Nunes Paiva

Resumo


O excesso de peso tornou-se um problema de saúde pública cada vez mais comum em crianças e adolescentes. Dentre os impactos negativos dessa condição estão as alterações que acometem o sistema respiratório, como hipoexpansibilidade torácica, diminuição do raio das vias aéreas, redução da força muscular respiratória e inomogeneidade da relação ventilação/perfusão. Para avaliar a função pulmonar utiliza-se a espirometria que permite o diagnóstico e a quantificação dos distúrbios ventilatórios. Objetivou-se avaliar se o sexo determina diferença na função pulmonar de escolares com sobrepeso e obesidade submetidos a um programa de intervenção interdisciplinar. Estudo do tipo quase-experimental que avaliou escolares do ensino fundamental e médio da cidade de Santa Cruz do Sul – RS de ambos os sexos, com idade entre 10 a 17 anos e com sobrepeso ou obesidade que foram submetidos a um programa de intervenção interdisciplinar. A amostra foi estratificada de acordo com o sexo no Grupo Feminino (GF) e no Grupo Masculino (GM). O Índice de Massa Corpórea (IMC) (peso/altura2) foi relacionado à idade e ao sexo, os classificando em eutróficos (p = 3 e < 85), com sobrepeso (p = 85 e < 97) e obesos (p = 97). A função pulmonar foi avaliada por meio de teste espirométrico digital portátil em que foram obtidas a Capacidade Vital Forçada (CVF) e o Pico de Fluxo Expiratório (PFE), sendo os indivíduos mantidos em posição sentada e orientados a realizar máxima inspiração até a capacidade pulmonar total e, expiração máxima sem hesitação.  O programa de intervenção interdisciplinar teve duração de 6 meses, sendo desenvolvido em 3 sessões semanais de 2 horas e composto por exercícios físicos, reeducação respiratória e postural, orientação psicológica e nutricional. Ressalta-se que as avaliações espirométricas e antropométricas foram realizadas nos momentos pré e pós-intervenção. Amostra (n=20, 70% do sexo feminino), com IMC de 29,52±5,02 kg/m² e idade de 12,90±1,71 alocados no GF (n=14, IMC= 29,55 (21,40-39,70) kg/m2) e no GM (n=6, IMC= 26,80 (22,7-36,9) kg/m2). Ao comparar as variáveis espirométricas intragrupo no GF entre os momentos de pré e pós-intervenção, evidenciou-se aumento significativo da CVF (3,17 ? 3,25 l; p=0,008) e do PFE (5,48 ? 6,05 l/min; p=0,026), assim como no GM, em que a CVF aumentou de 4,05 ? 4,38 (p=0,028) e o PFE aumentou de 6,47 ? 7,96 (p=0,028). Quanto ao delta de variação obtido entre os momentos de pré e pós-intervenção entre os sexos, não foi evidenciada diferença estatística na CVF (GF: 0,21 l e GM: 0,24 l) (p=0,312) e no PFE (GF: 0,32 l/min e GM:1,23 l/min) (p=0,051). A partir dos resultados obtidos, conclui-se que escolares com sobrepeso e obesidade submetidos a um programa de intervenção interdisciplinar apresentam incremento da CVF e do PFE independente do sexo.

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