INFLUÊNCIA DA PRESSÃO POSITIVA EXPIRATÓRIA NAS VIAS AÉREAS SOBRE A VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA DE PORTADORES DE DPOC DURANTE TESTE COM CARGA INCREMENTAL

Elisabete Antunes San Martin, Paloma de Borba Schneiders, Cássia da Luz Goulart, Kamila Mohammad Kamal Mansour, Renata Trimer, Andréa Lúcia Gonçalves da Silva

Resumo


A utilização de métodos não invasivos como a pressão positiva expiratória nas vias aéreas (EPAP) nos portadores de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) tem objetivo de aumentar a ventilação e saturação de oxigênio, reduzir a carga dos músculos respiratórios, diminuir os sintomas de dispneia e pressão intratorácica durante o repouso e exercício físico. Entretanto, os efeitos da EPAP sobre o sistema nervoso autonômico nos DPOC ainda permanecem obscuros. Objetivou-se avaliar os efeitos da EPAP sobre a variabilidade da frequência cardíaca (VFC) durante o Shuttle Walk Test (ISWT) em portadores de DPOC. Foram incluídos neste estudo transversal e amostragem de conveniência, 15 sujeitos com diagnóstico clínico de DPOC confirmados mediante a prova de função pulmonar e foram excluídos pacientes com arritmia cardíaca. O ISWT foi realizado conforme Holland et al. (2014), em um corredor plano, demarcado em 10 metros, sendo o incremento da velocidade ditado por mídia sonora que compreende vários níveis, os quais sinalizam o aumento da cadência e da velocidade do passo, os pacientes foram randomizados para uso ou não de EPAP. O dispositivo EPAP foi composto de bucal + traqueia + válvula spring load com pressão de 5 cmH2O. A análise da VFC [domínio da frequência (baixa frequência=BF e alta frequência=AF] foi realizado através do cardiofrequencímetro Polar® S810i no repouso (5 minutos) e na recuperação (5 minutos) do teste, posteriormente os dados foram analisados no software Kubios® HRV (versão 2.2) e Sigmaplot (versão 11.0). Os resultados foram expressos em média e desvio padrão, sendo utilizado o teste t de Student e regressão linear simples. Ambos os grupos, com EPAP (G1) e sem EPAP (G2) apresentaram predominância do sexo masculino (n=10), idade adulta (61,8±6,2 anos), estadiamento da doença entre moderado a muito severo, fraqueza muscular inspiratória (FMI) (n=6; 40,0%; média PImáx 63,0±27,7 cmH2O). Não encontramos nenhuma diferença significativa para VFC entre G1 e G2 no repouso e recuperação do ISWT. Correlação negativa entre AF de repouso e PImax (r=-0,50; p=0,05) foi encontrada somente em G1 e o modelo de regressão linear ratificou que a PImax influenciou isoladamente 20% das alterações do AF neste grupo. Quando estratificados os resultados de AF e BF do G1 para a presença de FMI, encontramos diferenças significativas com predominância de modulação parassimpática em G1+ FMI (AF= 56,7±7,9 vs 30,6±12,0, p=0,002). Em portadores de DPOC, o uso do EPAP influenciou na modulação autonômica cardíaca, somente naqueles com fraqueza muscular inspiratória associada.

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