INFLUÊNCIA DA PRESSÃO POSITIVA EXPIRATÓRIA NAS VIAS AÉREAS SOBRE A VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA DE PORTADORES DE DPOC DURANTE TESTE COM CARGA INCREMENTAL
Resumo
A utilização de métodos não invasivos como a pressão positiva expiratória nas vias aéreas (EPAP) nos portadores de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) tem objetivo de aumentar a ventilação e saturação de oxigênio, reduzir a carga dos músculos respiratórios, diminuir os sintomas de dispneia e pressão intratorácica durante o repouso e exercício físico. Entretanto, os efeitos da EPAP sobre o sistema nervoso autonômico nos DPOC ainda permanecem obscuros. Objetivou-se avaliar os efeitos da EPAP sobre a variabilidade da frequência cardíaca (VFC) durante o Shuttle Walk Test (ISWT) em portadores de DPOC. Foram incluídos neste estudo transversal e amostragem de conveniência, 15 sujeitos com diagnóstico clínico de DPOC confirmados mediante a prova de função pulmonar e foram excluídos pacientes com arritmia cardíaca. O ISWT foi realizado conforme Holland et al. (2014), em um corredor plano, demarcado em 10 metros, sendo o incremento da velocidade ditado por mídia sonora que compreende vários níveis, os quais sinalizam o aumento da cadência e da velocidade do passo, os pacientes foram randomizados para uso ou não de EPAP. O dispositivo EPAP foi composto de bucal + traqueia + válvula spring load com pressão de 5 cmH2O. A análise da VFC [domínio da frequência (baixa frequência=BF e alta frequência=AF] foi realizado através do cardiofrequencímetro Polar® S810i no repouso (5 minutos) e na recuperação (5 minutos) do teste, posteriormente os dados foram analisados no software Kubios® HRV (versão 2.2) e Sigmaplot (versão 11.0). Os resultados foram expressos em média e desvio padrão, sendo utilizado o teste t de Student e regressão linear simples. Ambos os grupos, com EPAP (G1) e sem EPAP (G2) apresentaram predominância do sexo masculino (n=10), idade adulta (61,8±6,2 anos), estadiamento da doença entre moderado a muito severo, fraqueza muscular inspiratória (FMI) (n=6; 40,0%; média PImáx 63,0±27,7 cmH2O). Não encontramos nenhuma diferença significativa para VFC entre G1 e G2 no repouso e recuperação do ISWT. Correlação negativa entre AF de repouso e PImax (r=-0,50; p=0,05) foi encontrada somente em G1 e o modelo de regressão linear ratificou que a PImax influenciou isoladamente 20% das alterações do AF neste grupo. Quando estratificados os resultados de AF e BF do G1 para a presença de FMI, encontramos diferenças significativas com predominância de modulação parassimpática em G1+ FMI (AF= 56,7±7,9 vs 30,6±12,0, p=0,002). Em portadores de DPOC, o uso do EPAP influenciou na modulação autonômica cardíaca, somente naqueles com fraqueza muscular inspiratória associada.
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