RESPOSTA HEMODINÂNICA DE PACIENTES PÓS-CIRURGIA CARDÍACA SUBMETIDOS A UM TESTE DE CARGA INCREMENTAL

Paloma de Borba Schneiders, Darion Ferreira, Elisabete Antunes San Martin, Douglas Alex Weiss Martins, Pâmela Alves Maciel, Andréa Lúcia Gonçalves da Silva

Resumo


Os programas de Reabilitação Cardíaca (RC) para pacientes pós-cirurgia cardíaca objetiva proporcionar e acelerar a volta às suas atividades diárias habituais, com ênfase na prática do exercício físico, acompanhada por ações educacionais voltadas para mudanças no estilo de vida, que serão capazes de evitar e prevenir futuras morbidades. Objetivou-se avaliar a resposta hemodinâmica de pacientes pós-cirurgia cardíaca e participantes de um programa de RC, submetidos ao Incremental Shuttle Walk Test (ISWT). Ensaio clínico não randomizado, com amostragem de conveniência, composto por 26 pacientes pós-cirurgia cardíaca integrantes do Programa de RC do Hospital Santa Cruz - RS. Todos os sujeitos foram submetidos ao ISWT, teste de caráter incremental considerado máximo para esta população, realizado conforme Holland et al. (2014), em um corredor plano, demarcado em 10 metros, sendo o incremento da velocidade ditado por mídia sonora que compreende vários níveis, os quais sinalizam o aumento da cadência e da velocidade do passo. Após avaliação do ISWT, os pacientes foram estratificados em 2 grupos: Grupo 1 [G1 (n=20), <450 metros] de menor tolerância ao exercício físico e Grupo 2 [G2 (n=6), =450 metros] de maior tolerância ao exercício físico. Analisou-se as seguintes variáveis nos tempos repouso (5 minutos), durante o ISWT e recuperação (1° minuto pós teste): sexo, idade, índice de massa corporal (IMC), distância percorrida no teste, saturação periférica de oxigênio (SpO2), frequência respiratória (FR), pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD), frequência cardíaca (FC), BORG de esforço (BORG-e), BORG de dispneia (BORG-d). Os resultados foram expressos em valores percentis, média e desvio padrão, mediana e intervalo interquartis, sendo os grupos comparados pelo teste t de Student e dentro dos grupos pela análise de variância ANOVA com Post Hoc de Tukey. Nível de significância: p=0,05. Em geral, o tempo pós-cirúrgico foi de 43 (14-301) dias e as cirurgias variaram entre revascularização do miocárdio (42,2%), troca valvar (34,6%) e outras intervenções (23,2%). Os grupos apresentaram predominância significativa do sexo masculino (G1=55%; G2=100%, p=0,042) e idade adulta avançada (G1=63,4±10,4; G2=52,8±8,6anos, p=0,034). Referente à resposta hemodinâmica dentro dos grupos, observou-se aumento significativo da PAS (G1, p<0,001; G2, p=0,038), PAD (G1, p=0,040; G2, p=0,038), FC (G1, p<0,001; G2, p<0,001) e BORG-e (G1, p=0,013; G2, p=0,013) do tempo repouso para o pico do teste. G1 apresentou maior BORG-d (p=0,031) e G2 apresentou redução da SpO2 (p=0,034) e elevação da FR (p=0,001) ao longo do teste. Em nosso estudo também observamos uma recuperação significativa da FC (G1, p<0,001; G2, p<0,001) e SpO2 (G1, p=0,011; G2, p=0,016) nos grupos, após a finalização dos testes. Pacientes pós-cirurgia cardíaca apresentaram adequada resposta hemodinâmica frente ao ISWT com elevação das variáveis cardiorrespiratórias durante o teste e recuperação das mesmas posteriormente. Ressalta-se que aqueles sujeitos que caminharam menos que 450m eram mais velhos, incluía sexo feminino e apresentaram mais dispneia ao longo do teste.


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