ANÁLISE FAUNÍSTICA DA COMUNIDADE DE BESOUROS (INSECTA: COLEOPTERA) EPÍGEOS ASSOCIADOS A CINCO DIFERENTES FITOFISIONOMIAS DO MUNICÍPIO DE SANTA CRUZ DO SUL, RS, BRASIL

Régis Josué Bohn, Andreas Köhler

Resumo


A ordem Coleoptera forma o maior e mais diverso táxon do reino Animal. Popularmente conhecidos como besouros, são encontrados em praticamente todos os tipos de habitats e possuidores dos hábitos alimentares mais variados. Nos ecossistemas, ocupam importantes funções, podendo agir como polinizadores, controladores biológicos ou decompositores de matéria orgânica. O presente trabalho objetiva estudar e comparar a diversidade e abundância de coleópteros em cinco diferentes fitofisionomias: área de lavoura de tabaco (Nicotiana tabacum L.), campo de herbáceas adjacente a um açude, campo sujo, mata em regeneração, e mata nativa. As amostras foram coletadas semanalmente, de dezembro de 2011 a março de 2012, em armadilhas de solo do tipo pit-fall, sem e com isca de fezes bovinas, avaliando a eficiência de captura através dos dois métodos. Os indivíduos foram identificados em nível de família e separados em morfoespécies. Para as análises, calculou-se a abundância, riqueza, frequência e constância das morfoespécies, assim como índices de diversidade, dominância e equitabilidade. Foram coletados 47.847 besouros, distribuídos em 41 famílias. As mais representativas foram Staphylinidae (33%), Ptiliidae (19,1%), Scarabaeidae (14,8%) e Chrysomelidae (10,2%), consideradas eudominantes; e Nitidulidae (7,3%) e Curculionidae (5,7%), apontadas como dominantes no estudo. A porcentagem destas famílias unidas ultrapassou 90% do total amostrado. As armadilhas contendo atrativo apresentaram maior eficiência de captura (65,6%), tanto em abundância, quanto em riqueza de morfoespécies, demonstrando a ligação de muitas aos hábitos coprófagos ou fimícolas. Os exemplares foram diferenciados em 499 morfoespécies, sendo 121 (24,2%) pertencentes a Staphylinidae, 70 (14%) a Scarabaeidae, e 56 (11,2%) a Carabidae. Ptiliidae sp. 1 (18,9%), considerada eudominante; e Chrysomelidae sp. 15 (9,7%), Staphylinidae sp. 65 (9,2%), Staphylinidae sp. 30 (6,3%), Curculionidae sp. 1 (5,4%) e Staphylinidae sp. 47 (5,1%), caracterizadas como dominantes, foram as morfoespécies mais frequentes. As fitofisionomias com maior captura de besouros foram a de mata nativa (33,3%) e secundária (28,6%), o que reflete a importância das áreas florestadas à coleopterofauna. Apesar de apresentar o terceiro maior número de indivíduos coletados, a monocultura de tabaco demonstrou baixa diversidade, reflexo da menor riqueza de morfoespécies e da dominância de Chrysomelidae sp. 15, intimamente associada a ela. A análise das informações referentes às categorias de dominância, unida aos padrões de distribuição das morfoespécies entre as cinco fitofisionomias, revelaram que as morfoespécies Carabidae sp. 7, Leiodidae sp. 1, Leiodidae sp. 2, Nitidulidae sp. 3, Nitidulidae sp. 6, Ptiliidae sp. 1, Scarabaeidae sp. 12, Scarabaeidae sp. 14, Scarabaeidae sp. 18, Scarabaeidae sp. 20, Staphylinidae sp. 30, Staphylinidae sp. 5, Staphylinidae sp. 7, Staphylinidae sp. 8 e Staphylinidae sp. 73 apresentaram preferência pelos habitats de maior complexidade vegetal e demonstraram relativa sensibilidade à medida que as fitofisionomias foram se tornando menos florestadas e com indícios de antropia, possuindo assim potencial para serem consideradas bioindicadoras de qualidade ambiental. Novas pesquisas voltadas à diversidade de Coleoptera e suas interações nas diferentes fitofisionomias fazem-se extremamente necessárias, haja vista que os mesmos são fundamentais na manutenção do equilíbrio dos ambientes.

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