O PROCESSO DE INTERVENÇÃO EM PROJETOS DE EXTENSÃO E A APROPRIAÇÃO DE TECNOLOGIAS DE GESTÃO PELA AGRICULTURA FAMILIAR NO VALE DO CAÍ

Douglas Ritt, Luana de Souza Barcelos, Silvio Cezar Arend, Cidonea Machado Deponti

Resumo


O presente resumo refere-se ao projeto de pesquisa e de extensão denominado "O uso e a apropriação de TICs pela agricultura familiar no Vale do Caí - RS", financiado pelo edital do MCTI/CNPq. Os objetivos deste trabalho são analisar o processo de intervenção social realizado a partir de projetos de extensão e verificar a apropriação das TIC (tecnologias de gestão) pelos agricultores familiares do Vale do Caí. O projeto conta com a parceria da EMATER/ASCAR-RS, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município de Montenegro-RS, das escolas rurais situadas no Vale do Caí e dos alunos dos cursos de graduação em  Ciências Contábeis e Administração do Campus de Montenegro/UNISC. Para realização das atividades de extensão vinculadas ao projeto acima referido, no ano de 2017 foi criado o Núcleo de Extensão Tecnológica e Gestão Rural para Agricultura Familiar no Vale do Caí com o objetivo principal de receber as demandas de agricultores familiares do Vale do Caí-RS relacionadas à gestão rural. Uma experiência de extensão tecnológica representa uma forma de intervenção realizada por determinados atores em uma realidade concreta. No caso do projeto ora analisado esse processo ocorre através da intervenção de uma equipe de alunos, de professores, de pesquisadores e de demais atores da sociedade em um ambiente de agricultura familiar no Vale do Caí. Constata-se que o processo de intervenção realizado junto aos agricultores familiares através do projeto de extensão tecnológica possibilita a compreensão sobre a necessidade de se considerar as particularidades concretas de todos os agricultores, pois eles não podem ser analisados sob um mesmo patamar à medida que se identificam diferenças no que tange aos sistemas de sentido, de significados e, especialmente, com relação às suas condições objetivas de vida. Quanto à apropriação das TIC (tecnologias de gestão) verificou-se que as formas de controle e de gerenciamento disponíveis no mercado não captam a diversidade e a particularidade da gestão rural das propriedades pela agricultura familiar. Dessa forma, a equipe do projeto desafiou-se a construir coletivamente alternativas de gestão e de controle mais apropriados pelos agricultores, uma vez que tais registros foram acompanhados pela visita in loco as propriedades pelos bolsistas e pesquisadores. Os resultados desta atividade ainda não são conclusivos. No entanto, destaca-se que situação descrita exige um horizonte de longo prazo, de maturação e de entrosamento da equipe com os demais participantes, de recursos financeiros, de paciência quanto aos resultados, pois o processo avança e retrocede a todo o momento. Estas características não se assemelham aos objetivos das políticas públicas e dos projetos de pesquisa e de extensão financiados pelas diversas organizações que apresentam prazo definido, objetivos específicos, resultados esperados, metas alcançadas.  Várias foram as dificuldades encontradas no tocante aos processos de gestão da propriedade pela agricultura familiar, pois o Projeto confirmou a indicação da literatura de que não há uma cultura de registro de informações por parte dos agricultores, associada à inadequação das ferramentas existentes e de difícil compreensão devido ao baixo grau de instrução dos sujeitos envolvidos. Também se concluiu que há necessidade de construção de alternativas/instrumentos que deem conta de tal situação, pois frente ao mercado num sistema capitalista processos mais adequados à realidade tornam-se imprescindíveis.


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