AGROINDÚSTRIAS FAMILIARES E A DINÂMICA TERRITORIAL: UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE A REGIÃO DO VALE DO RIO PARDO/RS E A REGIÃO DO OESTE CATARINENSE/SC - BRASIL

Viviani Aparecida Kern Umann, Fernando Doege, Juliana Vanesi Lopes da Silva, Erica Karnopp

Resumo


Diversos estudos procuram evidenciar os aspectos positivos da forma de organização da produção agrícola familiar, a qual ocorre através do sistema associativo, destacando sua capacidade de resposta frente as políticas públicas. No entanto, ao observar mais atentamente os processos produtivos, os mecanismos de comercialização ou mesmo de industrialização da produção, percebe-se um atrelamento dos agricultores a grandes empresas, vinculadas ao processo da Revolução Verde, que atuam fortemente a montante e a jusante da produção agrícola. Nesse sentido, as particularidades da agricultura familiar, sua fragmentação em diversas tipologias e sua irregular organização política e produtiva são um desafio a ser enfrentado pelos próprios agricultores, pelas políticas públicas e também pelas Universidades que precisam se aproximar dessa realidade para poder colaborar na construção de práticas sustentáveis.  Contudo, constata-se que o modelo de desenvolvimento econômico construído a partir da década de 1950, com a adoção de pacote tecnológico foi pautado em uma política homogeneizadora que, por muitos anos, ocultou a capacidade de organização dos agricultores, retirando-os do poder de decisão e colocando-os como meros receptores de tecnologias e políticas. Embora esse processo tenha efetivamente aumentado a produtividade agrícola, trouxe como um dos desdobramentos sociais mais evidentes a redução da capacidade dos agricultores de organizarem e administrarem sua produção provocando ainda mais a marginalização de suas inciativas.  Dessa forma, é necessário salientar que a Revolução Verde não foi pacificamente absorvida pelos agricultores. Processos de resistência e construção de alternativas foram estabelecidos em diferentes temporalidades, contudo, com diferentes eficiências. Em todos, no entanto, o que se observa, é a menor ou maior capacidade das lideranças e agricultores em analisar a realidade e construir respostas adequadas ao modelo de desenvolvimento vigente. Um desses processos de resistências e busca de alternativas está no número crescente de agroindústrias familiares que vem sendo constituídas em todas as regiões do Brasil. Porém, por serem, na sua maioria agroindústrias de pequeno porte, elas enfrentam enormes dificuldades de organização e de gestão o que compromete a sua sustentabilidade. Esse cenário pode se agravar, uma vez que essas modalidades de organizações, estas normalmente, localizadas em áreas periféricas quanto à produção de culturas mais integradas aos mercados, em regiões de estrutura fundiária confinada, de mão de obra familiar e com utilização e dependência da exploração dos recursos naturais. A presente pesquisa pretende analisar o processo de constituição e de funcionamento das agroindústrias familiares localizadas nas regiões do Vale do Rio Pardo, no estado do Rio Grande do Sul e do Oeste Catarinense, no Estado de Santa Catarinense, no Estado de Santa Catarina, e suas implicações na dinâmica de organização territorial. A escolha dos seguimento agroindústrias familiares e das regiões em pauta, justifica-se por pertencerem, em sua maioria, a regiões com limitantes econômicos e por serem mecanismos de desenvolvimento importantes para a inclusão social em regiões que tiveram similaridade em sua gênese de ocupação e trajetória institucional e econômica.

 


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