ENVELHECIMENTO E APOSENTADORIA NO MEIO RURAL

Eduarda Corrêa Lasta, Lilian Thais Konzen, Silvia Virginia Coutinho Areosa

Resumo


Pesquisar o sentido da velhice no meio rural é privilegiar além de seus modos de vida e suas subjetividades também as representações em torno de um espaço de pertencimento que define a identidade do idoso. (CAMARANO, 2016). A legislação brasileira garante ao idoso rural o direito à aposentadoria especial, com idade estabelecida de 55 anos para mulheres e 60 anos para os homens, aliados à comprovação de trabalho no meio rural. A Constituição Federal de 1988 estabelece ao idoso a garantia de amparo, de plena participação na vida da sociedade, a defesa de sua dignidade, o bem-estar e a garantia à vida. (GUGEL, 2016). Com o objetivo de conhecer como vivem os idosos do meio rural a Universidade de Santa Cruz do Sul em parceria com o Conselho Municipal do Idoso vem desenvolvendo a pesquisa “Estudo Socioeconômico e Demográfico da População Idosa no Meio Rural do Município de Santa Cruz do Sul”. Nesse sentido, o presente trabalho se propõe a investigar a questão da renda e o significado da aposentadoria para esses sujeitos. A presente pesquisa configura-se como um estudo descritivo exploratório utilizando-se de fontes de dados secundários como o IBGE e de dados primários obtidos através de questionários aplicados  à população idosa. Nos distritos rurais de SCS conforme dados do senso demográfico de 2010, os idosos contribuem significativamente nas despesas do núcleo familiar no qual estão inseridos. Segundo o IBGE 2010, essa contribuição representa 46,08 % no distrito de Monte Alverne. Todavia, isso equivale a dizer que, apesar de a aposentadoria contribuir consideravelmente nas despesas do núcleo familiar, ainda não se configura como o único meio de renda do idoso, fazendo com que este busque nas atividades agrícolas o complemento para sua subsistência. Esse panorama vem sendo confirmado através dos resultados preliminares de nossa pesquisa, a qual nos distritos de Alto Paredão e São José da Reserva identificou-se que a grande maioria dos idosos apontam a produção rural como forma de complemento as despesas da casa, visto que somente o ganho da aposentadoria não comporta todas as necessidades da velhice. Alcântara (2016), afirma que as atividades agrícolas além de contribuírem nos rendimentos, também mantém a identidade do idoso rural, que destinou grande parte de sua vida ao trabalho na terra. Tendo em vista que a população idosa em nosso país vem aumentando e que a velhice no contexto rural apresenta aspectos singulares que necessitam serem contextualizados, este ainda é um tema pouco explorado por pesquisadores. Dessa forma, se faz necessário estudos que investiguem esse meio, desconstruindo o imaginário social a respeito do que é ser velho no campo. Acreditamos que a pesquisa desenvolvida a respeito de como vivem os idosos no meio rural de SCS venha a contribuir com isso. Os dados coletados referentes a participação financeira desses sujeitos em seus núcleos familiares evidenciam a significância da aposentadoria no contexto rural que aliada as atividades agrícolas constituem os meios de subsistência desses sujeitos. Portanto, apesar da aposentadoria não suprir todas as necessidades dos idosos rurais, ainda assim proporciona melhorias em suas dinâmicas de vida, possibilitando, sobretudo, melhores formas de vivenciar a velhice, contribuindo dessa forma para a “representatividade” financeira do idoso em seu contexto familiar.

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