SAÚDE PÚBLICA E ENVELHECIMENTO NO CONTEXTO RURAL

Rafaele Luiza Klafke, Nívia Arlete Souza Duarte, Diorginis Luis Fontoura da Rosa, Silvia Virginia Coutinho Areosa

Resumo


O envelhecimento populacional além de acarretar mudanças demográficas, também gera diversas modificações políticas, sociais, econômicas e sanitárias (IBGE, 2016). Afinal, conforme os sujeitos envelhecem vivenciam mais perdas, adoecimentos e fragilidades decorrentes da idade. Assim, surgem demandas, bem como, o dever de elaborar estratégias e Políticas Públicas que garantam uma velhice mais digna. No município de Santa Cruz do Sul/RS, conforme apurou o último censo de 2010, há um total de 118,374 habitantes. Sendo 15.559 (13,15%) pessoas com 60 anos ou mais, crescimento de 2,82% desde o censo de 2000. Pensando nesse cenário, e na busca por novos olhares acerca do envelhecimento o grupo de pesquisa “Realidade, Exclusão e Cidadania na Terceira Idade”, vinculado ao CNPq desde 2000, vem realizando pesquisas com idosos da comunidade, entretanto, o município conta com 80% de área rural, a qual possui pouco acesso à universidade. Avaliando esta situação, o grupo iniciou em 2017 o “Estudo Socioeconômico e Demográfico da População Idosa no Meio Rural do Município de Santa Cruz Do Sul” visando identificar o perfil socioeconômico e demográfico dessa população, e suas representações sociais sobre a velhice. Para a elaboração deste trabalho, serão abordados dados preliminares da do “Questionário Sociodemográfico e Econômico” aplicado em Boa Vista, um dos sete distritos rurais do município, ressaltando algumas questões, as quais objetivam identificar como os sujeitos percebem suas condições de saúde e o acesso aos serviços de saúde naquela localidade. A pesquisa foi realizada na Estratégia de Saúde da Família (ESF), com 43 sujeitos, uma amostra representativa do total da população idosa de Boa Vista que é de 416 pessoas. Observou-se uma predominância feminina de 86%, tal fenômeno é mundial, afinal se estima uma esperança de vida de cinco a sete anos a mais para essa população. (NICODEMO; GODOI, 2010). Em relação à autopercepção de saúde, 37% consideram que sua saúde é boa, 33% razoável, 16% muito boa, 7% ruim, 2% excelente e 5% não responderam. Considerando que a média de idade desta população é de 71 anos, estes dados apontam um cenário positivo. Associado a isto, o acesso aos serviços de saúde é um dos fatores que possibilitam um envelhecimento saudável e longevo, assim, é fundamental que os idosos possam usufruir desses serviços. A ESF se destaca neste contexto, sendo caracterizada enquanto Política Pública de referência do Sistema Único de Saúde, possuindo como princípios a universalidade, integralidade e equidade, assim, devendo atender as demandas de saúde da comunidade no qual está inserida, de forma igualitária e abrangente. No entanto, ainda que haja um suporte adequado da ESF, este é o único serviço disponível à população pesquisada, não existindo recursos para além deste, como órgãos da Assistência Social, ou até, outros serviços de saúde especializados, como o CAPS. Deste modo, há um desamparo frente a esses idosos devido à distância, visto que os serviços mencionados se localizam na área urbana do município, distância de aproximadamente 16 km. Ainda que um percentual razoável de sujeitos perceba sua saúde como boa, e que o ESF trabalhe com prevenção, muitos necessitam de outros atendimentos como tratamentos de saúde mental, fisioterapia, nutrição o que demonstra a necessidade de ações e programas que abranjam a população rural, principalmente os idosos.


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