POLÍTICAS DE INCLUSÃO NO JORNAL ZERO HORA

Caroline da Rosa Couto, Taís Morgana dos Santos, Amanda Cappellari, Giulia Netto Lobler, Bruno Corralo Granata, Betina Hillesheim

Resumo


O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de apresentar as discussões que vêm sendo realizadas na pesquisa Inclusão e mídia: uma análise do jornal Zero Hora, na qual se investigam os modos pelos quais se constrói a discursividade sobre inclusão na mídia impressa; mais especificamente, este trabalho atenta para a relação entre as noções de inclusão e políticas públicas na forma como aparecem no jornal. Através de teorizações provenientes dos estudos pós-estruturalistas, especialmente do filósofo Michel Foucault, para produção de dados o jornal Zero Hora foi tomado como materialidade de análise, por configurar um veículo de circulação diária e com expressivo público leitor na região sul do Brasil. Compreende-se, nessa perspectiva, a inclusão como um imperativo neoliberal, assumido pelo o Estado e assumindo ares de garantia da abertura e expansão aos jogos do mercado, na esteira da otimização para o desenrolar do capitalismo avançado. As políticas públicas, como respostas a demandas sociais, na prerrogativa da produção de tecnologias de subjetivação para o governo dos sujeitos, incorporam os discursos sobre a inclusão, que têm se multiplicado a partir do final do século XX. E a mídia, é assumida aqui, enquanto um dispositivo pedagógico, produtor, reprodutor e multiplicador de discursos, presente em todas as esferas do cotidiano dos sujeitos, que se constituem no agenciamento histórico-político emergente que traz a inclusão como um imperativo atual. Através do mapeamento de reportagens, artigos, seções e colunas, no período que compreende os anos de 2015 e 2016, foram selecionados, após uma série de crivos e revisões, 82 materiais que versavam sobre a temática e que, para fins de análise, foram divididos em quatro eixos forjados a partir dos próprios conteúdos desses materiais, a saber: Saúde, Assistência Social, Segurança e Educação. Analisando os dizeres desses materiais, cujas assinaturas vão de leigos a especialistas, passando por autoridades políticas e lideranças comunitárias, assumindo que qualquer um pode e deve falar sobre inclusão, já que esta se configura enquanto um imperativo do nosso tempo, percebe-se que, pelo viés da inclusão, as políticas públicas assumem o caráter de gerenciamento dos riscos, mediante ações de disciplinamento, controle e regulamentação da população. Nesse sentido, a análise dos dados aponta para a inscrição das políticas públicas como estratégias inclusivas, respondendo a demandas por espaços e práticas que incluem, assumindo aquilo que passa tanto pelo Estado, quanto pelo esforço de cada um, compondo uma rede inclusiva, que prescreve, através das políticas públicas enquanto dispositivos de uma sociedade de segurança, modos de governar a todos.


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