OBTENÇÃO DE FARINHAS A PARTIR DA CASCA E POLPA DA MANDARINA (CITRUS RETICULATA)

Jamile Helena Marques, Pedro Henrique Matos Pereira, Priscilla de Bastos de Souza, Valeriano Antonio Corbellini, Nádia de Monte Baccar, Ana Lúcia Becker Rohlfes

Resumo


 

As frutas cítricas, o que inclui a mandarina (Citrus reticulata), são cultivadas em todo o mundo. A mandarina, pelas suas propriedades, atrai investimentos de grandes empresas, para a obtenção de óleo essencial, empregado em cosméticos, perfumarias, composição de medicamentos e bebidas. Por possuir uma produção irregular, gera frutos de baixa qualidade. Com isto, utiliza-se a técnica de raleio manual, para melhorar a qualidade da fruta para o mercado in natura. O produto obtido dessa técnica é utilizado para a extração de óleos essenciais orgânicos e, após, o resíduo obtido é descartado.  No entanto, devido ao baixo rendimento, são necessárias grandes quantidades da fruta para obtenção do óleo essencial, sendo que 1 tonelada da fruta produz 4 kg de óleo. O restante é considerado resíduo. Atualmente, o resíduo é utilizado na alimentação animal, porém o mesmo possui benefícios econômicos e muitos nutrientes, o que pode ser aproveitado para ser introduzido na alimentação humana. Tendo em vista este fato, objetivou-se obter farinha, a partir da polpa e da casca deste resíduo, com propriedades funcionais e bioativas, com possibilidade de emprego em produtos de panificação. Para tanto, foi feita uma seleção visual das mandarinas que apresentavam danos. Após, elas foram submersas em solução de hipoclorito de sódio 150 mg L-1 por 10 min, descascadas manualmente e separadas em casca e polpa. A polpa foi cortada, as sementes retiradas e o suco extraído. A polpa sem o suco foi submetida à trituração úmida, em liquidificador, por 15 s, utilizando a proporção 1:2 (polpa:água). Já a casca foi congelada para facilitar a sua trituração, reduzindo o seu tamanho e aumentando a superfície de contato. Aproximadamente 40 g de polpa e casca foram dispostas em redes de nylon para obtenção de curvas de secagem, em desidratadora a 40ºC. Para a obtenção das curvas de secagem, alíquotas foram retiradas a cada hora e submetidas a determinação do teor de umidade, em balança de umidade OHAUS® MB200, em triplicata. Com os resultados, foram determinadas as condições de secagem, a partir da RDC nº 272, da ANVISA, que preconiza que a umidade da farinha deve estar abaixo de 12%. Para a casca, o tempo obtido foi de 13 h, com umidade média de 11,54%; para a polpa, 20 h e umidade média de 10,26%. Os desidratados obtidos foram triturados em moinho de facas tipo Wiley (SOLAB®) para obtenção de farinha de casca de mandarina e de polpa de mandarina. As farinhas foram submetidas à determinação de atividade antioxidante, composição centesimal e compostos fenólicos totais, cujas análises estão em andamento. Os resultados, obtidos até o momento, demonstram que é viável tecnologicamente a obtenção de farinhas de mandarina à temperatura de 40°C. Contudo, ainda não se pode afirmar que as mesmas possuam características funcionais e bioativas, uma vez que as análises estão sendo realizadas. Salienta-se a necessidade do aumento da diversificação tecnológica, para melhoria de renda de pequenas e médias propriedades. Assim, com a utilização do resíduo da obtenção do óleo essencial da mandarina, pode-se, além da produção de produtos que possuem nutrientes, podendo ser introduzidos na alimentação humana, visar o aumento da renda da Agroindústria Familiar do Vale do Rio Pardo/RS.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.