As microalgas são consideradas uma fonte bastante promissora na substituição de combustíveis fósseis devido ao seu rápido desenvolvimento, a grande produção de biomassa em curto espaço de tempo e a síntese significativa de lipídios. Neste sentido, as microalgas têm se mostrado como alternativas promissoras na produção de biocombustíveis, bem como na remediação de efluentes. A interação entre microrganismos bem como sua relação com os fatores abióticos, podem afetar significativamente o metabolismo microalgal e a síntese de produtos pelas células. A espécie Pseudokirchneriella subcapitata é amplamente conhecida por ser comumente aplicada em estudos limnológicos, entretanto pesquisas avaliando a produção de biomassa e lipídios por esta microalga em cultivo mixotrófico ainda são escassos. O objetivo deste estudo foi avaliar a resposta da microalga Pseudokirchneriella subcapitata, a um cultivo consorciado com bactérias isoladas de efluente doméstico proveniente da ETE-UNISC, visando o incremento de densidade celular, bem como uma maior produção de biomassa e lipídios por esta microalga. Com base nas características macroscópicas das colônias foram isoladas em ágar nutriente cinco linhagens bacterianas. A atividade antimicrobiana de Pseudokirchneriella subcapitata frente às bactérias isoladas foi avaliada pela aplicação da técnica de ágar-difusão em poços. Para a aplicação dos consórcios cada uma das linhagens foi inoculada de forma axênica com a microalga em dois diferentes meios de cultura, um contendo N:P:K (3 g L^-1) e outro com N:P:K suplementado com glicose (3 g L^-1 + 10 g L^-1), visando uma maior produção de clorofila e lipídios pela microalga. Os cultivos permaneceram sob fotoperíodo de 12:12 h, pH inicial de 7,0, aeração direta e foram acompanhados por espectrofotometria UV e por contagem em câmara de Neubauer para avaliar o crescimento de P. subcapitata., Os teores de clorofila ao final dos cultivos também foram avaliados. O pH dos cultivos foi monitorado durante todo o processo. Quanto ao teste de atividade antimicrobiana de P. subcapitata, verificou-se que nenhuma das linhagens bacterianas foi inibida pelo extrato da microalga. Ao final do período de cultivo, verificou-se que o crescimento da microalga foi favorecido pela aplicação dos consórcios em meio N:P:K, sendo que a faixa de pH manteve-se entre 6,0 e 7,0. Já no meio suplementado com glicose as bactérias presentes nos consórcios utilizaram o carboidrato como fonte de C, levando a diminuição do pH do meio o que limitou o crescimento da microalga. Os teores de clorofila obtidos em meio N:P:K para todos os consórcios foram superiores àqueles obtidos em meio suplementado com glicose. Os teores de lipídios totais obtidos em meio N:P:K variaram de 2,27 a 7,06% e em meio suplementado de 0,99 a 3,81%. Os resultados obtidos neste trabalho demonstraram que o cultivo consorciado entre as bactérias do efluente e a microalga otimizaram a produção de biomassa microalgal. Estudos adicionais serão necessários para identificação das bactérias utilizadas nos consórcios e para definição de variáveis que otimizem o processo, visando assim um aumento no rendimento de biomassa e de lipídios da microalga Pseudokirchneriella subcapitata.