MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA TRATADA POR SISTEMA DE DESFLUORETAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

Gisele Steil Rodrigues, Ronaldo Bastos dos Santos, Luiza Baumann, Eduardo Lobo Alcayaga, Adilson Ben da Costa

Resumo


O flúor é encontrado naturalmente na água e no solo nas mais variadas concentrações. Seu papel é fundamental para a prevenção e controle de cárie dentária, sendo considerado que o método mais utilizado é por intermédio das águas de abastecimento público. Porém, o sistema de abastecimento público nem sempre consegue atender à necessidade de toda a população. Assim, alternativas de abastecimento são utilizadas, como poços e fontes naturais. Entretanto, o uso excessivo de flúor resulta na intoxicação crônica denominada fluorose dentária e fluorose óssea, gerada pela ingestão acima do limite estabelecido pela Portaria de n° 2914/2012, que estabelece o valor entre 1,0 e 1,5 mg L-1  de fluoreto. Porém, um dos fatores preocupantes tem sido a ocorrência de fluorose dental em crianças, diagnosticada no Brasil, como uma patologia associada ao consumo prolongado de água com excesso de fluoretos. O objetivo deste estudo foi desenvolver um sistema de desfluoretação parcial de águas subterrâneas de baixo custo e manutenção, utilizando carvão ativado de osso bovino. Visando essa preocupação a Universidade de Santa Cruz do Sul, RS vem monitorando em seu campus cinco sistemas de desfluoretação parcial da água para remoção dos fluoretos até níveis adequados para consumo humano, pois apresentam concentrações de 2,72 mg L-1, como também pH 9,0; condutividade elétrica de 526,3 µS cm-1 e turbidez <0,2 uT. Cada sistema foi construído utilizando um filtro de Polyglass® com revestimento de polietileno transparente de alta densidade. No total, cinco filtros (identificados como F1-F5) foram instalados. Nesses filtros foram adicionados 6 kg de carvão ativado de osso com diâmetro de partícula entre 20 e 60 mesh, fornecido pela Bonechar Carvão Ativado do Brasil Ltda, PR. Os filtros foram instalados junto aos bebedouros disponíveis nos blocos 8 e 12 da universidade. Após a instalação do sistema, os primeiros litros de água tratados foram descartados, para eliminar a turbidez originaria do carvão. Um cronograma de coleta de amostras foi elaborado para cada filtro e também da água do poço que abastece os bebedouros. Os parâmetros analisados para determinar a qualidade da água tratada  foram: fluoreto, pH, condutividade e turbidez, coletadas quinzenalmente. Os resultados obtidos da água tratada, demonstraram ser eficientes na remoção parcial dos íons fluoretos em excesso na água de abastecimento, como também indicaram ser uma água alcalina. Durante o período de eficiência do sistema foram tratados ao todo 10.561,54 litros de água 365 dias, para consumo humano, no qual mantiveram-se os parâmetros monitorados de acordo com o especificado pela Portaria de n° 2914. Tendo em vista os aspectos mencionados, o sistema de desfluoretação parcial confirma a eficiência do carvão ativado de osso como meio de adsorção de fluoretos presentes em águas de abastecimento, comprovando a sua eficiência em sistemas de abastecimento para uso coletivo, como em escolas, universidades, estabelecimentos comerciais, entre outros, além de ser um sistema de baixo custo e fácil manutenção. A partir de setembro de 2017 a Coordenação do Campus da UNISC irá assumir o processo de tratamento de água por adsorção, constituindo uma das ações de qualidade ambiental implementadas no campus de Santa Cruz do Sul, RS.


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