ASSOCIAÇÃO ENTRE O TEMPO DE TELA E A APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA COM A PRESENÇA DE RISCO METABÓLICO EM ESCOLARES
Resumo
A prática regular de atividades físicas pode prevenir contra fatores de risco metabólicos. Porém, jovens brasileiros se caracterizam por adotarem comportamentos de risco à saúde, tais como inatividade física, hábitos sedentários e alimentação inadequada. A adoção de comportamentos de risco pode vir a desenvolver futuros desfechos prejudiciais à saúde, afinal, hábitos comportamentais estabelecidos durante a juventude geralmente não são alterados durante a vida adulta. A literatura sugere o papel preventivo da aptidão cardiorrespiratória (APCR) na promoção da saúde metabólica, assim como há evidencias de que indivíduos com maiores períodos despendidos em frente à televisão possuem maior propensão ao desenvolvimento de disfunções. Objetivo-se verificar a associação entre tempo de tela (TT) e APCR, de forma isolada e agrupada, com a presença de risco metabólico em escolares. Estudo transversal com 1.200 escolares de Santa Cruz do Sul-RS. A avaliação do TT foi realizada através do preenchimento de questionário e, posteriormente, classificado em baixo tempo de tela (< 2 horas diárias) e elevado tempo de tela (= 2 horas diárias). O nível de APCR foi avaliado através do teste de corrida/caminhada de 6 minutos e, posteriormente, classificado em apto e inapto. Para a avaliação do risco metabólico foi calculado o escore de risco metabólico (ERM), por meio da soma do escore Z dos seguintes parâmetros: circunferência da cintura, pressão arterial sistólica, glicose, triglicerídeos, colesterol total, colesterol LDL e colesterol HDL. Os dados foram expressos de forma contínua e categorizada, considerando valores de ERM acima de 1 como risco metabólico. A análise dos dados foi realizada através do programa SPSS v. 23.0. Foi utilizada estatística descritiva (frequência absoluta e relativa; média e desvio-padrão) para caracterização da amostra. A análise de variância (ANOVA) foi utilizada para comparar os valores médios do ERM, de acordo com as categorias da relação TT/APCR. A diferença média dos valores do ERM foi avaliada pelo teste de Post Hoc de Tukey. Para avaliar a associação entre as variáveis independentes (TT, APCR e TT/APCR) com a presença de risco metabólico foi utilizada a Regressão de Poisson, por meio dos valores de razão de prevalência e intervalos de confiança de 95%. Foram considerados significativos os valores de p<0,05. Crianças (34,3%) e adolescentes (48,2%) apresentaram elevado TT, enquanto que 44,3% das crianças e 53,3% dos adolescentes foram classificados como inaptos. Na relação TT/APCR, 14,7% das crianças e 26,9% dos adolescentes apresentaram elevado TT e baixos níveis de APCR. A presença de risco metabólico foi evidenciada em crianças (17,1%) e em adolescentes (14,7%), além de estar associada diretamente com baixos níveis de APCR nas crianças e nos adolescentes em relação às variáveis de forma isolada. Quando analisado de modo agrupado, o risco metabólico em crianças foi 11% mais prevalente em sujeitos com baixo TT/inaptos e 12% em sujeitos com elevado TT/inaptos, enquanto que em adolescentes, a prevalência de risco metabólico também foi superior nos escolares com baixo TT/inaptos (8%) e elevado TT/inaptos (7%). A presença de risco metabólico em crianças e adolescentes esteve associada com baixos níveis de APCR, independente do TT, tanto de modo isolado quanto agrupado.
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