ANÁLISE DO CONTATO DE ESCOLARES DA REDE PÚBLICA COM SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS EM MUNICÍPIO DE PEQUENO PORTE NO RIO GRANDE DO SUL
Resumo
Enquanto elementos do fenômeno de adição, a precocidade na experimentação e a manutenção de uso de substâncias psicoativas compreendem situações de risco ampliado à saúde. Se somam prejuízos sociais e econômicos, inclusive de ordem pública aos serviços de saúde. Tanto as drogas lícitas, entendidas como substâncias de circulação restrita à dispensação sob prescrição, ou de venda livre a maiores de 18 anos, quanto as ilícitas, que têm sua produção, comercialização e consumo proibidos, apresentam registros de aumento da prevalência de consumo. A sociedade contemporânea entende o ambiente escolar como representativo de uma interface de cuidado entre os níveis doméstico e público a crianças e adolescentes. Essa parcela da população é especialmente vulnerável à experimentação e manutenção de uso de substâncias psicoativas. Este estudo buscou encontrar dados que determinassem a prevalência de ocorrência de experimentação e manutenção de uso de substâncias psicoativas medicamentosas, álcool, tabaco e drogas ilícitas, entre escolares da rede pública de um município de pequeno porte do estado do Rio Grande do Sul. Foi empregado um questionário autoaplicável, padronizado, contemplando variáveis independentes e dependentes, com extração dos dados de uso de substâncias psicoativas. Codificou-se os dados em sistema de única entrada no programa Epi-Info. Foram realizadas análises descritivas de frequência e intervalos de confiança ou médias e desvio padrão, além de bivariadas para diferença de proporções. Foram computados 671 questionários válidos, sendo 350 do sexo feminino e 321 do sexo masculino, coletados de escolares de 16 escolas da rede pública municipal, nascidos entre 2001 e 2005. Os dados revelaram uma frequência de uso na vida de qualquer substância pesquisada na ordem de 69,6% (IC de 95%: intervalo de 65,9% a 73%), e uso nos últimos 12 meses na ordem de 62,1% (IC 95%: intervalo de 58,3% a 65,8%). A média de início para o uso de fármacos psicoativos foi de 13,1 anos, com um mínimo de 7 anos de idade, para o uso de álcool foi de 12,3 anos, com um mínimo de iniciação aos 5 anos. A média de precocidade para o tabaco, 12,2 anos com um mínimo de iniciação aos 4 anos, e para as substâncias ilícitas foi de 13,4, com mínimo de 6 anos de idade. A relação de uso na vida e manutenção de uso foi de 1,6 para os fármacos estudados, 1,2 para o álcool, 1,7 para o tabaco, e 1,5 para drogas ilícitas. Dados obtidos em 2012, no mesmo município, apresentavam 67,9% para uso na vida e, para uso nos 12 meses anteriores à coleta de dados, 59,6%. Os dados sustentam a maior precocidade na experimentação de qualquer substância psicoativa. Considerando a indiferença entre o comportamento feminino e masculino quanto a iniciação para o uso, percebe-se inefetividade nas iniciativas de postergação da iniciação. O maior número de usuários, a maior visibilidade e mobilização social e maior demanda sobre os serviços de saúde levam à necessidade de ampliação e aprofundamento do estudo deste fenômeno e à proposição de medidas educativas quanto ao uso racional de medicamentos, bem como preventivas mais efetivas para o uso de álcool, tabaco e drogas ilícitas. Os conceitos de racionalidade no uso de medicamentos podem representar ferramenta estratégica na educação de escolares para a prevenção ao uso de substâncias lícitas, especialmente o álcool e, inclusive, ilícitas.
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