ANÁLISE DO CONTATO DE ESCOLARES DA REDE PÚBLICA COM SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS EM MUNICÍPIO DE PEQUENO PORTE NO RIO GRANDE DO SUL

Rebeca Nelson, Jordana Kick, Alessandro Menna Alves, Cássia Regina Gotler Medeiros, Camila Furtado de Souza, Luis César de Castro

Resumo


Enquanto elementos do fenômeno de adição, a precocidade na experimentação e a manutenção de uso de substâncias psicoativas compreendem situações de risco ampliado à saúde. Se somam prejuízos sociais e econômicos, inclusive de ordem pública aos serviços de saúde. Tanto as drogas lícitas, entendidas como substâncias de circulação restrita à dispensação sob prescrição, ou de venda livre a maiores de 18 anos, quanto as ilícitas, que têm sua produção, comercialização e consumo proibidos, apresentam registros de aumento da prevalência de consumo. A sociedade contemporânea entende o ambiente escolar como representativo de uma interface de cuidado entre os níveis doméstico e público a crianças e adolescentes. Essa parcela da população é especialmente vulnerável à experimentação e manutenção de uso de substâncias psicoativas. Este estudo buscou encontrar dados que determinassem a prevalência de ocorrência de experimentação e manutenção de uso de substâncias psicoativas medicamentosas, álcool, tabaco e drogas ilícitas, entre escolares da rede pública de um município de pequeno porte do estado do Rio Grande do Sul. Foi empregado um questionário autoaplicável, padronizado, contemplando variáveis independentes e dependentes, com extração dos dados de uso de substâncias psicoativas. Codificou-se os dados em sistema de única entrada no programa Epi-Info. Foram realizadas análises descritivas de frequência e intervalos de confiança ou médias e desvio padrão, além de bivariadas para diferença de proporções. Foram computados 671 questionários válidos, sendo 350 do sexo feminino e 321 do sexo masculino, coletados de escolares de 16 escolas da rede pública municipal, nascidos entre 2001 e 2005. Os dados revelaram uma frequência de uso na vida de qualquer substância pesquisada na ordem de 69,6% (IC de 95%: intervalo de 65,9% a 73%), e uso nos últimos 12 meses na ordem de 62,1% (IC 95%: intervalo de 58,3% a 65,8%). A média de início para o uso de fármacos psicoativos foi de 13,1 anos, com um mínimo de 7 anos de idade, para o uso de álcool foi de 12,3 anos, com um mínimo de iniciação aos 5 anos. A média de precocidade para o tabaco, 12,2 anos com um mínimo de iniciação aos 4 anos, e para as substâncias ilícitas foi de 13,4, com mínimo de 6 anos de idade. A relação de uso na vida e manutenção de uso foi de 1,6 para os fármacos estudados, 1,2 para o álcool, 1,7 para o tabaco, e 1,5 para drogas ilícitas. Dados obtidos em 2012, no mesmo município, apresentavam 67,9% para uso na vida e, para uso nos 12 meses anteriores à coleta de dados, 59,6%. Os dados sustentam a maior precocidade na experimentação de qualquer substância psicoativa. Considerando a indiferença entre o comportamento feminino e masculino quanto a iniciação para o uso, percebe-se inefetividade nas iniciativas de postergação da iniciação. O maior número de usuários, a maior visibilidade e mobilização social e maior demanda sobre os serviços de saúde levam à necessidade de ampliação e aprofundamento do estudo deste fenômeno e à proposição de medidas educativas quanto ao uso racional de medicamentos, bem como preventivas mais efetivas para o uso de álcool, tabaco e drogas ilícitas. Os conceitos de racionalidade no uso de medicamentos podem representar ferramenta estratégica na educação de escolares para a prevenção ao uso de substâncias lícitas, especialmente o álcool e, inclusive, ilícitas.

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