AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DA PALHA DE ARROZ (ORYZA SATIVA L.) COMO SUBSTRATO PARA PRODUÇÃO DE MUDAS DE ARAÇÁ (PSIDIUM CATTLEYANUM SABINE)
Resumo
A produção de mudas no ramo florestal vem aumentando, sendo que, para atender a demanda, faz-se necessário a utilização de matéria prima renovável. Nesse sentido, muitos esforços têm sido realizados para melhorar a qualidade e reduzir os custos de produção, e o fator que mais influencia a qualidade das mudas está o substrato, sendo ele o fornecedor das concentrações necessárias de água, oxigênio e nutrientes. Com base na importância do substrato para a produção de mudas no setor florestal e no uso de produtos renováveis, o presente trabalho teve como objetivo analisar a viabilidade da substituição da vermiculita utilizada em substratos comerciais por palha de arroz (Oryza sativa L.), comparando as características físicas e químicas de ambos os substratos para o desenvolvimento de mudas nativas de araçá (Psidium cattleyanum Sabine). Os experimentos foram realizados no Viveiro Florestal do Batista, localizado na linha Taquari Mirim, Venâncio Aires, RS, Brasil. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com 2 tratamentos e 6 repetições, sendo o tratamento com palha de arroz composto por 50% de substrato húmico, 30% de palha de arroz, 20% de esterco orgânico de ovinos e 5 litros de água; enquanto que o tratamento de referência (vermiculita) foi composto por 80% de substrato de vermiculita com turfa, 20% de esterco orgânico de ovinos e 5 litros de água. Após um período de crescimento de 60 dias, foram realizadas medições considerando a retenção de umidade, porosidade, densidade, pH, salinidade da água, altura da parte aérea, diâmetro do colo e desenvolvimento radicular em ambos os substratos. Os resultados indicaram que o sistema radicular no substrato vermiculita apresentou um desenvolvimento significativamente maior que no substrato palha de arroz (p <0,05), com médias iguais a 16,4 ± 2,9 cm (Coeficiente de Variação, CV: 17,6%) e 9,6 ± 1,5 cm (Coeficiente de Variação, CV: 15,8%), respectivamente, comprometendo o manejo das mudas nos tubetes, uma vez que as mudas com excessivo crescimento radicular precisam ser podadas durante o período em que permanecem no viveiro. Se estas mudas não forem podadas periodicamente, elas causarão o enovelamento das raízes, engrossamento e enforcamento no colo da muda. Esses problemas de manejo de mudas não ocorrem no substrato de palha de arroz, pois as raízes apresentam um desenvolvimento significativamente menor, não comprometendo o manejo das mudas e aumentando o tempo de permanência no viveiro. Assim, este novo substrato de palha de arroz pode ser fornecido aos produtores de mudas nativas, destacando que este substrato, além de utilizar em sua composição resíduos agroindustriais produzidos em excesso nas lavouras de arroz, e consequentemente gerando um destino final adequado, pode minimizar os danos à natureza, uma vez que não será necessário extrair o solo das florestas utilizado hoje como substrato na produção de mudas nativas.
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