RELAÇÃO DO PESO AO NASCER COM O ESTADO NUTRICIONAL DE ESCOLARES

Lorenzo Barrios Ferreira, Cezane Priscila Reuter, JANE DAGMAR POLLO RENNER

Resumo


O peso ao nascer, obtido na primeira hora após o nascimento, reflete as condições nutricionais do recém-nascido e da gestante, sendo considerado indicador apropriado de saúde individual. Influencia o crescimento e o desenvolvimento da criança e, em longo prazo, repercute nas condições de saúde do adulto. O objetivo deste estudo foi verificar se o peso ao nascer está associado com o estado nutricional de crianças e adolescentes de Santa Cruz do Sul - RS. O presente estudo foi desenvolvido com 2091 crianças e adolescentes de 6 a 17 anos, alunos de escolas públicas e privadas localizadas no município de Santa Cruz do Sul. O peso ao nascer foi avaliado através de questionário enviado aos pais dos escolares. Após a obtenção, os dados foram classificados de acordo com os pontos de corte de Puffer e Serrano (1987), em quatro categorias: 1) baixo peso ao nascer (<2500 g); 2) peso insuficiente (2500 a 2999 g); 3) peso adequado (3000 a 3999 g) e 4) excesso de peso (=4000 g).  O estado nutricional foi avaliado por meio do índice de massa corporal (IMC), obtido pelos valores de peso e estatura. Para a classificação, foram utilizadas as curvas de percentis para a população brasileira, preconizadas pela Organização Mundial da Saúde (WHO, 2007), de acordo com sexo e idade, considerando baixo peso (<p3), normal (=p3 e <p85), sobrepeso (p=85 e <p97) e obesidade (=p97). Após as variáveis foram classificadas em duas categorias: 1) baixo peso/normal e 2) sobrepeso/obesidade. Os dados foram analisados no programa SPSS v. 23.0 (IBM, Armonk, NY, USA). A estatística descritiva (frequência absoluta e relativa; média e desvio-padrão) foi utilizada para caracterização da amostra. A análise de variância (ANOVA) e o teste Post Hoc de Tukey foram utilizados para comparar os valores médios do peso ao nascer, de acordo com as categorias do estado nutricional. Para avaliar a associação entre a variável independente (peso ao nascer), com o desfecho (estado nutricional atual), foram utilizadas a regressão de Poisson, por meio dos valores de razão de prevalência (RP) e intervalos de confiança (IC) para 95%. Foram considerados significativos os valores de p<0,05. Meninas que apresentam obesidade, atualmente, nasceram com peso significativamente superior (média: 3,31 kg; IC 95%: 3,22-3,39 kg; p=0,015), em comparação às meninas que estão na categoria baixo peso/normal (média: 3,19 kg; IC 95%: 3,15-3,23 kg), para a classificação do IMC. Não foi observada relação entre os valores médios do peso ao nascer com o atual estado nutricional de meninos. Meninos e meninas que nasceram com excesso de peso apresentam prevalência 12 e 13% superior, respectivamente, de sobrepeso/obesidade, em comparação aos seus pares que nasceram com baixo peso/peso insuficiente. Foi verificado que as meninas obesas nasceram com peso significativamente superior em comparação às meninas que estão na categoria baixo peso/normal para a classificação do IMC. 

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