AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO DE PYCNOPORUS SANGUINEUS EM CULTIVO EM FASE SÓLIDA UTILIZANDO PÓ DE TABACO COMO FONTE DE CARBONO

Francine Camara Kaercher, Joyce Cristina Gonçalvez Roth, Rosana de Cassia de Souza Schneider, Lisianne Brittes Benitez, Michele Hoeltz

Resumo


Na indústria fumageira, o pó de tabaco é o principal resíduo e atualmente vem sendo depositado em lavouras podendo causar a saturação dos solos a médio e longo prazo. Considerando a necessidade de alternativas para a minimização do impacto causado pela disposição final desse resíduo e o potencial de crescimento e remediação dos fungos basidiomicetos, é justificada a utilização do pó de tabaco como substrato alternativo para prospecção e crescimento de microrganismos produtores de enzimas, promovendo assim sua biorremediação. Nesse sentido, o objetivo desse trabalho foi avaliar o potencial de Pycnoporus sanguineus para redução do resíduo de pó de tabaco. A amostra do resíduo de pó de tabaco, cedida por uma indústria fumageira localizada no município de Santa Cruz do Sul, foi homogeneizada e padronizado em 28 mesh. Para a caracterização do resíduo, foram determinados o teor de umidade, proteínas, cinzas, lipídeos, metais, açúcares e lignina. O corpo de frutificação do P. sanguineus foi coletado a partir de matéria orgânica no ambiente e cultivado em condições controladas à nível micelial. Para manter a cultura pura, foram realizados repiques mensais em placas de Petry e tubos inclinados contendo ágar Sabouraud (AS). O cultivo em fase sólida (CFS) foi conduzido em frascos de vidro de 500 mL, contendo 30 gramas do substrato. Foram testadas diferentes frações de substrato, utilizando-se o pó de tabaco e serragem de madeira de Pinus. As seguintes formulações foram testadas: 10% serragem + 90% pó, 20% serragem + 80% pó e 40% de serragem + 60% pó, além dos controles, incluindo 100% de pó de tabaco e 100% de palha. Os frascos foram mantidos a 25ºC e o desenvolvimento do fungo foi verificado dia visualmente ao longo do período de aproximadamente 70 dias. Para a quantificação do crescimento micelial do fungo utilizando o substrato lignocelulósico pó de tabaco, será avaliado o teor de ergosterol, através de Cromatografia Gasosa acoplada a Espectrometria de Massas. Testes iniciais de extração e padronização estão sendo realizados. O resultado da análise da composição centesimal da amostra de resíduo pó de tabaco foi: cinzas 58,262±1,58, umidade 0,286±0,048, lipídeos 3,215±0,088, proteínas 20,125±0,195, açúcares – glicose 30,184±2,284, xilose 18,548±1,679 e arabinose 11,083±0,782, lignina 38,751±7,137. Em relação aos principais metais, a amostra apresentou os teores de Ca (296,43 mg/mL), K (305,70 mg/mL), Al (94,69 mg/mL), Pb (0,04 mg/mL), Mn (5,76 mg/mL), Fe (40,80 mg/mL), Zn (0,96 mg/mL) e Mg (71,17 mg/mL). O valor de pH da amostra foi determinado como 7,17. O CFS utilizando a serragem para verificar como o fungo reage a uma fonte diferenciada de carbono demonstrou crescimento, embora lento, nos frascos cuja composição incluía 40% de serragem. Nos controles, foi observado crescimento com início de formação de corpo de frutificação para o cultivo com 100% de serragem, e ausência completa de crescimento em 100% pó de tabaco. Sabe-se que o P. sanguineus é um exímio degradador de material lignocelulósico e por tanto, formulações empregando pó de tabaco e serragem, assim como diferentes condições de cultivo como umidade e temperatura, devem continuar a ser testadas para que se comprove o potencial desse fungo em reduzir o volume do resíduo.

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