AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO DE PYCNOPORUS SANGUINEUS EM CULTIVO EM FASE SÓLIDA UTILIZANDO PÓ DE TABACO COMO FONTE DE CARBONO
Resumo
Na indústria fumageira, o pó de tabaco é o principal resíduo e atualmente vem sendo depositado em lavouras podendo causar a saturação dos solos a médio e longo prazo. Considerando a necessidade de alternativas para a minimização do impacto causado pela disposição final desse resíduo e o potencial de crescimento e remediação dos fungos basidiomicetos, é justificada a utilização do pó de tabaco como substrato alternativo para prospecção e crescimento de microrganismos produtores de enzimas, promovendo assim sua biorremediação. Nesse sentido, o objetivo desse trabalho foi avaliar o potencial de Pycnoporus sanguineus para redução do resíduo de pó de tabaco. A amostra do resíduo de pó de tabaco, cedida por uma indústria fumageira localizada no município de Santa Cruz do Sul, foi homogeneizada e padronizado em 28 mesh. Para a caracterização do resíduo, foram determinados o teor de umidade, proteínas, cinzas, lipídeos, metais, açúcares e lignina. O corpo de frutificação do P. sanguineus foi coletado a partir de matéria orgânica no ambiente e cultivado em condições controladas à nível micelial. Para manter a cultura pura, foram realizados repiques mensais em placas de Petry e tubos inclinados contendo ágar Sabouraud (AS). O cultivo em fase sólida (CFS) foi conduzido em frascos de vidro de 500 mL, contendo 30 gramas do substrato. Foram testadas diferentes frações de substrato, utilizando-se o pó de tabaco e serragem de madeira de Pinus. As seguintes formulações foram testadas: 10% serragem + 90% pó, 20% serragem + 80% pó e 40% de serragem + 60% pó, além dos controles, incluindo 100% de pó de tabaco e 100% de palha. Os frascos foram mantidos a 25ºC e o desenvolvimento do fungo foi verificado dia visualmente ao longo do período de aproximadamente 70 dias. Para a quantificação do crescimento micelial do fungo utilizando o substrato lignocelulósico pó de tabaco, será avaliado o teor de ergosterol, através de Cromatografia Gasosa acoplada a Espectrometria de Massas. Testes iniciais de extração e padronização estão sendo realizados. O resultado da análise da composição centesimal da amostra de resíduo pó de tabaco foi: cinzas 58,262±1,58, umidade 0,286±0,048, lipídeos 3,215±0,088, proteínas 20,125±0,195, açúcares – glicose 30,184±2,284, xilose 18,548±1,679 e arabinose 11,083±0,782, lignina 38,751±7,137. Em relação aos principais metais, a amostra apresentou os teores de Ca (296,43 mg/mL), K (305,70 mg/mL), Al (94,69 mg/mL), Pb (0,04 mg/mL), Mn (5,76 mg/mL), Fe (40,80 mg/mL), Zn (0,96 mg/mL) e Mg (71,17 mg/mL). O valor de pH da amostra foi determinado como 7,17. O CFS utilizando a serragem para verificar como o fungo reage a uma fonte diferenciada de carbono demonstrou crescimento, embora lento, nos frascos cuja composição incluía 40% de serragem. Nos controles, foi observado crescimento com início de formação de corpo de frutificação para o cultivo com 100% de serragem, e ausência completa de crescimento em 100% pó de tabaco. Sabe-se que o P. sanguineus é um exímio degradador de material lignocelulósico e por tanto, formulações empregando pó de tabaco e serragem, assim como diferentes condições de cultivo como umidade e temperatura, devem continuar a ser testadas para que se comprove o potencial desse fungo em reduzir o volume do resíduo.
Apontamentos
- Não há apontamentos.