TRABALHO DE CAMINHADA E SUA RELAÇÃO COM MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS EM PACIENTES COM DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA
Resumo
Atualmente a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é a terceira causa mais comum de morte no mundo. Consiste em limitação persistente e progressiva do fluxo aéreo, com efeitos pulmonares e extrapulmonares resultantes de repercussões sistêmicas, tais como alterações cardíacas, comorbidades, disfunção do músculo esquelético, perda de peso e intolerância ao exercício. A distância percorrida em testes de caminhada é utilizada para determinar a capacidade funcional e sobrevida para pacientes com DPOC. Adicionalmente, faz-se uso de indicadores antropométricos para determinar o risco para mortalidade desta população. Objetivou-se investigar a relação entre o trabalho de caminhada e medidas antropométricas em pacientes com DPOC. O estudo ocorreu de forma transversal, com amostragem de conveniência composta por pacientes com DPOC do programa de Reabilitação Pulmonar do Hospital Santa Cruz – RS. Analisou-se variáveis clínicas (sexo, idade, função pulmonar e força muscular respiratória), antropométricas [índice de massa corporal (IMC), circunferências da panturrilha direita (CPD) e esquerda (CPE), do quadril (CQ), cintura (CC) e pescoço (CP) em centímetros (cm)], capacidade funcional [distância percorrida no teste de caminhada de seis minutos (TC6m)], risco de mortalidade e trabalho de caminhada. O IMC foi obtido pela multiplicação do peso em quilogramas pela altura em metros ao quadrado (Kg/m2), foi considerado risco de mortalidade para uma distância percorrida inferior a 350 metros (m) e o trabalho de caminhada foi calculado com a distância percorrida em m multiplicada peso em Kg. Realizou-se teste de correlação de Spearman para verificar a relação entre as varáveis, com nível de significância p=0,05. Treze pacientes (sexo masculino n=10, 64,9±5,2 anos, IMC 27,6±6,7 Kg/m2) foram avaliados e classificados com estadiamento de DPOC entre moderado e muito severo (VEF1 1,4±0,5 l/s; 49,4±17,4 %predito) e fraqueza muscular inspiratória (PImáx 57,4±25,5 cmH2O; 59±24 %predito) presente em 69,2% dos pacientes. A distância percorrida no TC6m foi 386,2±55,9 m (79,1±13 %predito) e o trabalho da caminhada (29770,5±8477,7 kg.m), no qual constatamos risco de mortalidade em 23,1% dos pacientes (distância percorrida = 302,5±9,3 m; 70,7±9 %predito). Para as circunferências obteve-se os seguintes valores: CPD = 36,1±4,1 cm, CPE = 36,1±4,4 cm, CQ = 102,2±12,4 cm, CC = 93,7±13,1 cm e CP = 39±3 cm. Foram encontradas correlações positivas entre o trabalho da caminhada e IMC (p=0,046; r=0,560), CPD (p=0,042; r=0,594), CPE (p=0,025; r=0,617), CQ (p=0,051; r=0,551), CC (p=0,008; r=0,700), e CP (p=0,004; r=0,737). Diante dos dados obtidos pode-se inferir que em pacientes com DPOC as medidas antropométricas corroboram para a determinação da capacidade funcional dos mesmos onde, quanto maior estas medidas, mais elevado será o trabalho de caminhada, pior o desempenho funcional e maior o risco de mortalidade.
Apontamentos
- Não há apontamentos.