TRABALHO DE CAMINHADA E SUA RELAÇÃO COM MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS EM PACIENTES COM DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA

Paloma de Borba Schneiders, Elisabete Antunes San Martin, Guilherme Dionir Back, Diana da Silva Geiger, Renata Trimer, Andréa Lúcia Gonçalves da Silva

Resumo


Atualmente a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é a terceira causa mais comum de morte no mundo. Consiste em limitação persistente e progressiva do fluxo aéreo, com efeitos pulmonares e extrapulmonares resultantes de repercussões sistêmicas, tais como alterações cardíacas, comorbidades, disfunção do músculo esquelético, perda de peso e intolerância ao exercício. A distância percorrida em testes de caminhada é utilizada para determinar a capacidade funcional e sobrevida para pacientes com DPOC. Adicionalmente, faz-se uso de indicadores antropométricos para determinar o risco para mortalidade desta população. Objetivou-se investigar a relação entre o trabalho de caminhada e medidas antropométricas em pacientes com DPOC. O estudo ocorreu de forma transversal, com amostragem de conveniência composta por pacientes com DPOC do programa de Reabilitação Pulmonar do Hospital Santa Cruz – RS. Analisou-se variáveis clínicas (sexo, idade, função pulmonar e força muscular respiratória), antropométricas [índice de massa corporal (IMC), circunferências da panturrilha direita (CPD) e esquerda (CPE), do quadril (CQ), cintura (CC) e pescoço (CP) em centímetros (cm)], capacidade funcional [distância percorrida no teste de caminhada de seis minutos (TC6m)], risco de mortalidade e trabalho de caminhada. O IMC foi obtido pela multiplicação do peso em quilogramas pela altura em metros ao quadrado (Kg/m2), foi considerado risco de mortalidade para uma distância percorrida inferior a 350 metros (m) e o trabalho de caminhada foi calculado com a distância percorrida em m multiplicada peso em Kg. Realizou-se teste de correlação de Spearman para verificar a relação entre as varáveis, com nível de significância p=0,05. Treze pacientes (sexo masculino n=10, 64,9±5,2 anos, IMC 27,6±6,7 Kg/m2) foram avaliados e classificados com estadiamento de DPOC entre moderado e muito severo (VEF1 1,4±0,5 l/s; 49,4±17,4 %predito) e fraqueza muscular inspiratória (PImáx 57,4±25,5 cmH2O; 59±24 %predito) presente em 69,2% dos pacientes. A distância percorrida no TC6m foi 386,2±55,9 m (79,1±13 %predito) e o trabalho da caminhada (29770,5±8477,7 kg.m), no qual constatamos risco de mortalidade em 23,1% dos pacientes (distância percorrida = 302,5±9,3 m; 70,7±9 %predito). Para as circunferências obteve-se os seguintes valores: CPD = 36,1±4,1 cm, CPE = 36,1±4,4 cm, CQ = 102,2±12,4 cm, CC = 93,7±13,1 cm e CP = 39±3 cm. Foram encontradas correlações positivas entre o trabalho da caminhada e IMC (p=0,046; r=0,560), CPD (p=0,042; r=0,594), CPE (p=0,025; r=0,617), CQ (p=0,051; r=0,551), CC (p=0,008; r=0,700), e CP (p=0,004; r=0,737). Diante dos dados obtidos pode-se inferir que em pacientes com DPOC as medidas antropométricas corroboram para a determinação da capacidade funcional dos mesmos onde, quanto maior estas medidas, mais elevado será o trabalho de caminhada, pior o desempenho funcional e maior o risco de mortalidade.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.