INOVAÇÃO COM CPAP PORTÁTIL EM PACIENTES DPOC: CONSTRUÇÃO E APLICABILIDADE

Guilherme Dionir Back, Alessandra Emannoulidies, Italo Rosa Policena, Jorge André Moraes, Renata Trimer, Andréa Lúcia Gonçalves da Silva

Resumo


A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é caracterizada por limitação crônica ao fluxo aéreo e cuja progressão está associada a eventos pulmonares e sistêmicos, como alterações musculoesqueléticas e cardíacas, comorbidades, perda de peso, aumento da dispneia, intolerância ao exercício. Neste sentido, dispositivos elétricos de pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) são amplamente utilizados no tratamento da DPOC pois reduzem o trabalho dos músculos respiratórios, recrutam alvéolos colapsados, minimizam os efeitos da hiperinsuflação pulmonar dinâmica promovendo melhor oxigenação e tolerância ao exercício físico. Porém, CPAP com bateria portátil representam custos elevados, limitando seu uso rotineiramente. Objetivou-se construir um sistema de alimentação portátil (SAP) para o CPAP e avaliar a aplicabilidade do mesmo durante a realização de um teste de exercício de campo com pacientes DPOC. O SAP foi construído com 1 bateria estacionária de 12 Volts/7 Amperes acoplada a um inversor de frequência de 1000w com entrada de 12vcc e saída de 220vac. O carregador utilizado foi um modelo automotivo de 5Ah, com tempo de 1:30 hora para carga completa. O inversor de frequência e a bateria foram montados dentro de uma caixa plástica para proteger as conexões elétricas. A aplicabilidade do SAP acoplado ao CPAP foi avaliada em um estudo transversal, com amostragem de conveniência composta por pacientes com DPOC do programa de Reabilitação Pulmonar. Os pacientes realizaram o teste de caminhada de seis minutos (TC6m) sem e com uso do CPAP portátil. A partir da distância percorrida no TC6m com CPAP, os pacientes foram estratificados conforme o seu desempenho em dois grupos: grupo 1 (G1; n=6) aqueles que responderam bem ao CPAP e grupo 2 (G2; n=6) aqueles que responderam ao CPAP com a diminuição da distância percorrida. Após, foi analisado o perfil dos pacientes quanto as variáveis clínicas e antropométricas (sexo, idade, função pulmonar, estadiamento da doença, força muscular respiratória e de pressão palmar- FPP, índice de massa corporal-IMC). Para análise estatística utilizou-se programa SPSS-20.0 onde foram testadas as variáveis quanto à normalidade para utilizar testes t student e Mann Whitney, com nível de significância p=0,05. O SAP foi testado junto ao equipamento CPAP e seu consumo médio foi 1,8 Ah. O SAP teve uma duração média de 3:50 horas em plena carga. Aplicando aos pacientes, os grupos apresentaram maior frequência do sexo masculino (G1 n= 4; G2 n=5), idade (G1 69,3±8,3; G2 63,8±6,2 anos), estadiamento da DPOC moderado a muito severo (G1 VEF1 1,4±0,6/s; 50±21,3%predito; G2 VEF1 1,2±0,4/s; 41,6±11,4%predito), IMC (G1 28,2±5,4Kg/m2; G2 26±6,2Kg/m2) (p>0,05). G1 apresentou força muscular expiratória preservada comparado a G2 (G1 102,3±24,4%predito vs G2 68,5±28,5% predito, p=0,05). Distância percorrida no TC6m: [G1 393,1±57,7m (75,7±6,5%predito) vs G2 364,1±57,7m (84,7±16,7%predito) p>0,05]  e FPP: [G1 138,9 (66,5-201,5 Kgf) vs G2 85,9 (10,8-122 Kgf) p>0,05]. Calculada a variação entre as distâncias do TC6m (TC6m – TC6m/CPAP = ?TC6m): G1 (?TC6m = 22,2±16,6m) vs G2 (?TC6m =36,4±9,9m) p<0,001. Os dados preliminares apontam que o SAP para o CPAP é aplicável na avaliação de teste de campo de pacientes DPOC. Adicionalmente, pacientes respondem de forma diferenciada quando realizam TC6m com CPAP portátil e esta resposta parece estar relacionada a força muscular expiratória.

Apontamentos

  • Não há apontamentos.