A população residente na região rural, quando comparada à população urbana, apresenta maior prevalência de mortalidade, principalmente em decorrência do elevado número de indivíduos com doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). As DCNT são responsáveis por 68,3% do total de óbitos no Brasil. Dentre estas, as doenças cardiovasculares (DCV) lideram o ranking com 30,4% como causa das mortes. A partir deste cenário, o índice triglicerídeos/HDL-colesterol (TG/HDL-c) vem sendo utilizado como indicador de risco de doenças cardiovasculares, por ser uma avaliação rápida, fácil e de baixo custo. Objetivou-se, então, analisar o perfil de trabalhadores da agroindústria quanto ao desenvolvimento de DCV através do índice TG/HDL-c relacionando com variáveis bioquímicas e antropométricas. O estudo ocorreu de forma transversal, observacional e quantitativo, realizado a partir do banco de dados do projeto “Triagem de fatores de risco relacionados ao excesso de peso em trabalhadores da agroindústria usando novas tecnologias analíticas e de informação em saúde – fase III” (CEP nº 2.449.234), composto por 140 trabalhadores da agroindústria da microrregião Sul do Conselho Regional de Desenvolvimento do Vale do Rio Pardo (COREDE-VRP), no Rio Grande do Sul. Primeiramente foi calculado o índice TG/HDL-c e posteriormente categorizado de forma dicotômica (“com risco” e “sem risco”), após foi realizado comparação de médias das variáveis de glicose, colesterol total (CT) e lipoproteínas de baixa densidade (LDL) (bioquímicas); índice de massa corporal (IMC) e circunferência da cintura (CC) (antropométricas) e idade (sociodemográfica). Para análise estatística foram utilizados os testes de normalidade de Shapiro-Wilk, para comparação de médias teste t de Student (variáveis paramétricas) e teste de Mann-Whitney (variáveis não paramétricas). A amostra foi composta por 136 indivíduos, sendo que quatro foram excluídos devido à inconsistência dos dados. Destes, 62,5% pertenciam ao sexo feminino e 37,5% ao masculino, com média de idade geral de 51,75 (DP 10,57) anos, e 52 sujeitos apresentaram risco de desenvolver DCV segundo a razão TG/HDL-c. As variáveis de glicose, CT, LDL, IMC e CC apresentaram resultados significativos (p=0,013, p=0,001, p=0,005, p=0,014 e p=0,017, respectivamente) neste grupo, sugerindo que a alteração destes indicadores aumenta o risco de desenvolver DCV. Não houve significância estatística para a idade. As variáveis bioquímicas e antropométricas estão relacionadas com o aumento do risco cardiovascular avaliado pelo TG/HDL-c. Diante disso, a população estudada demonstra um perfil de saúde de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.