DESENVOLVIMENTO DE FORMULAÇÕES COSMÉTICAS CAPILARES UTILIZADAS NO PRÉ-ALISAMENTO AFRODESCENDENTE CONTENDO GORDURA DE GALINHA

Vanessa Caroline Hermes, Pâmela Silveira Pedroso, Wolmar Alipio Severo Filho, Lecticia Enedina Moraes Machado, Chana de Medeiros da Silva, Lia Gonçalves Possuelo

Resumo


A produção de carne de frango tem aumentado de maneira expressiva nos últimos anos e, consequentemente, tem sido gerado maior quantidade de resíduos industriais provenientes do processamento das aves. Estes restos agroindustriais são ricos em nutrientes que podem ser usados “in natura”, e também podem ser aplicadas técnicas de processamento, a fim de proporcionar transformações desejadas para obtenção de matérias primas galênicas de interesse. Muitas gorduras de origem animal possuem aplicações no desenvolvimento de produtos cosméticos, os quais costumam possuir um alto valor agregado. De acordo com o conhecimento tradicional, a gordura da galinha é capaz de melhorar o processo e a durabilidade do alisamento capilar em afrodescendentes. O presente trabalho teve o objetivo de viabilizar o desenvolvimento de formulações cosméticas auxiliares ao alisamento afrodescendente por meio da utilização da gordura retirada da pele de galinha. Inicialmente, a gordura da galinha passou pelo processo de limpeza e desodorização que foi realizado por meio de lavagem com água purificada, seguido de aquecimento (60ºC), filtração e, ao final, a realização de uma destilação simples. A matéria-prima animal obtida foi analisada quanto ao seu índice de iodo (número de insaturações presentes na amostra) e a composição foi avaliada por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas e por espectrometria no infravermelho. Em seguida, realizou-se o desenvolvimento de três formulações cosméticas de uso capilar afrodescendente: creme de pentear contendo 10% da gordura da galinha, creme de tratamento contendo 20% e uma pomada contendo 15% da mesma. As formulações foram avaliadas quanto a sua estabilidade acelerada, verificando as suas características sensoriais, aspecto e pH no aquecimento (40 ± 2ºC), resfriamento (5 ± 2ºC), radiação solar e em temperatura ambiente sob abrigo da luz, durante 90 dias. Após passar pelo processo de lavagem e desodorização, o óleo de galinha apresentou um leve odor característico, coloração esbranquiçada e estado sólido em temperatura abaixo de 20ºC. O valor obtido para o índice de iodo foi 90,82 g.gg -1, sendo compatível com os óleos de origem vegetal e adequado para o uso em cosméticos e similares. Foi possível identificar a presença de seis ácidos graxos na amostra, havendo predominância dos ácidos graxos oleicos (31,32%), palmítico (23,20%) e linoleico (17,82%). O espectro do infravermelho também apresentou bandas em comprimentos de ondas que são compatíveis com os referidos ácidos graxos. As formulações apresentaram-se homogêneas, com odor característico e coloração branca (creme de pentear e de tratamento) e amarela (pomada), e valores de pH de 6,5, 8,0 e 6,0, respectivamente. Durante o estudo da estabilidade acelerada das formulações, todas se apresentaram estáveis, ocorrendo somente pequenas modificações na cor e no odor das amostras expostas ao aquecimento, e algumas alterações no pH, apresentando médias entre 4,5, 8,0 e 5,0. As formulações foram consideradas aprovadas no teste realizado, faltando apenas a realização do ensaio microbiológico. Pretende-se desenvolver novos cosméticos voltados para problemas cutâneos como ressecamento e descamação da pele, visando explorar a ação emoliente e hidrante da gordura, e apresenta-los à empresas que tenham o interesse de desenvolver produtos cosméticos contendo esta matéria-prima em sua composição e beneficiarem-se de suas propriedades.

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